Repórter Recife – PE – Brasil

Chile em transição energética rápida: fechamento de usinas de carvão e impacto social em Tocopilla

Tocopilla, uma cidade mineradora situada entre o Pacífico e as montanhas áridas do Deserto do Atacama, encontra-se em meio a uma rápida transição energética que está ocorrendo no Chile. Com uma população de 20 milhões de habitantes e uma considerável capacidade de produção de energia solar e eólica, o país lançou um ambicioso plano em 2019 para fechar as 28 usinas de energia elétrica movidas a carvão até 2040. No entanto, o presidente Gabriel Boric, eleito em 2021, tem a expectativa de alcançar essa meta antes de 2030, buscando que 80% da eletricidade produzida seja proveniente de fontes renováveis.

Desde 2019, nove usinas geradoras de eletricidade a carvão foram fechadas, incluindo quatro localizadas em Tocopilla, no noroeste, pertencentes à empresa francesa Engie. O Chile está entre os dez países mais rápidos a reduzir sua produção de energia proveniente do carvão, o que representa um marco significativo em termos de transição energética.

Com mais de 35% da energia produzida no Chile originada de fontes eólicas ou solares, o país tem enormes projetos em construção, especialmente na região de Lomas del Taltal. No entanto, apesar das medidas de apoio concedidas aos funcionários durante o fechamento de unidades das empresas nacionais que utilizam usinas termelétricas a carvão, a situação é diferente para os cargos terceirizados ou para empresas contratadas.

A Engie, que fechou quatro de suas unidades, demitiu cerca de cem trabalhadores. Apenas um terço deles se beneficiou de um plano de aposentadoria antecipada, outro terço foi treinado para outros trabalhos dentro ou fora da empresa, e o restante recebeu um plano de demissão voluntária. Os trabalhadores terceirizados e aqueles contratados por empresas não receberam as mesmas garantias.

Segundo Alejandro Ochoa, responsável por assuntos ambientais e de transição justa da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Chile tem enfrentado desafios significativos em relação à subcontratação. Para cada 50 trabalhadores em uma usina de carvão, existem 150 trabalhadores terceirizados e 450 empregos indiretos, resultando em um total de 600 trabalhadores que não estão cobertos por nenhuma medida.

O governo chileno reconhece os desafios enfrentados e pretende implementar um plano de transição socioecológica justa para Tocopilla, oferecendo apoio à relocação, ao setor do turismo e às empresas afetadas. Além disso, empresas como a Engie e a Colbun estão buscando implementar projetos de energias limpas e explorar alternativas sustentáveis, como o uso de hidrogênio. No entanto, os desafios sociais relacionados à transição energética ainda permanecem uma preocupação, com trabalhadores como Pedro Castillo pedindo mais apoio durante esse período de mudanças significativas.

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