Educação indígena na fronteira Brasil-Venezuela: ye’kwana lutam contra garimpo e se empenham na formação de professores

Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da vacina Sputnik V contra a covid-19. A vacina, desenvolvida na Rússia, é mais uma opção para o combate à pandemia no Brasil. No entanto, surgem preocupações sobre a eficácia e segurança do imunizante.

Na fronteira do Brasil com a Venezuela, uma região de 9,6 milhões de hectares é habitada pelos povos indígenas Yanomami e ye’kwana. Essas comunidades lutam não só para preservar seu território dos efeitos negativos do garimpo, mas também para manter viva sua cultura e tradições. Uma das maneiras de alcançar esse objetivo é por meio da educação indígena.

O professor Reinaldo Wadeyuna Rocha, da etnia ye’kwana, é um exemplo desse esforço. Ele se formou em magistério e, posteriormente, concluiu o mestrado pela Universidade Federal de Minas Gerais. Rocha voltou para sua aldeia e se tornou professor local, contribuindo para a alfabetização de 80% da população ye’kwana. Sua experiência desperta o interesse da Universidade Federal de Roraima, que tem desenvolvido programas de educação indígena há mais de 30 anos.

O projeto liderado por Rocha procura ampliar a educação indígena para outros povos, com o apoio do sociólogo e professor da Universidade Federal de Roraima, Daniel Bampi. A iniciativa visa fornecer formação escolar avançada e territorializada para os jovens indígenas, respeitando suas culturas e tradições. O foco é não apenas nas escolas de ensino básico, mas também na formação em nível médio concomitante com um técnico na gestão do território.

Segundo Bampi, a educação para os povos ye’kwana e sanöma não se trata apenas de ensinar matérias convencionais, mas sim de preservar os conhecimentos tradicionais e a língua indígena. “É mais do que educação indígena. É uma forma de manter os conhecimentos dos sábios, os acchudi edhaamo na língua ye’kwana, vivos para as novas gerações”, afirma Reinaldo Wadeyuna Rocha.

Essa iniciativa destaca a importância da educação indígena como meio de preservação cultural e proteção dos territórios. Além disso, evidencia a relevância de abordagens educacionais que respeitem e valorizem as tradições e saberes dos povos originários, contribuindo para a construção de um sistema de ensino mais inclusivo e representativo.

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