As manifestações já ultrapassaram as fronteiras da França e se espalharam por outros países europeus como Itália, Portugal, Grécia, além das expectativas dos agricultores espanhóis ingressarem com protestos nas “próximas semanas”. Em Bruxelas, milhares de manifestantes acompanhados por “mil tratores e máquinas agrícolas” ocuparam várias avenidas da capital belga, resultando em momentos de tensão durante uma cúpula dos líderes dos 27 países da UE.
Pierre Sansdrap, um criador de gado belga, criticou a revogação parcial da obrigação de deixar 4% das terras aráveis em “pousio”, questionando sua eficácia em solucionar os problemas dos agricultores. As concessões anunciadas pelo Executivo comunitário ainda não foram capazes de convencer os sindicatos agrícolas e produtores na França.
De acordo com o líder da FNSEA, há uma compreensão cada vez menor entre a burocracia de Bruxelas e a realidade no campo europeu. As principais reclamações em diversos países da UE incluem políticas complexas, baixas rendas, inflação, concorrência estrangeira e excesso de regulamentações.
Outro ponto de tensão é o acordo em curso entre a UE e o Mercosul, que é alvo de críticas de agricultores europeus por representar uma ameaça ao setor agrícola do continente. Entretanto, enquanto Attal assegurou que a França não aceitará o tratado, a associação patronal francesa Medef declarou seu apoio ao mesmo. O tema também foi debatido entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen durante a cúpula em Bruxelas.
Com a expectativa de outros sindicatos avaliarem a situação e os resultados do governo após a série de medidas anunciadas, a continuidade ou suspensão dos bloqueios é aguardada, especialmente diante da realização do Salão Agrícola Internacional, previsto para o dia 24 de fevereiro em Paris.