O estudo analisou dados de mais de 20 milhões de mulheres adultas registradas no Cadastro Único do governo federal. Segundo os pesquisadores, quanto maior a desigualdade de renda nos municípios, maior é o risco de morte por câncer de mama. Ao dividir as mulheres de baixa renda entre quem recebe e quem não recebe o Bolsa Família, a pesquisa constatou que as mulheres que não receberam o benefício tiveram um risco de mortalidade por câncer de mama 17% maior em comparação com as beneficiárias do Programa Bolsa Família.
O estudo também apontou que as mulheres que recebem o Bolsa Família e vivem em cidades mais desiguais têm um risco de morrer por câncer de mama 13% maior que a média, enquanto as que não recebem o benefício e moram nessas cidades vivenciam um risco 24% maior.
A pesquisa fruto de uma colaboração entre pesquisadores do Cidacs/Fiocruz Bahia, da Faculdade de Epidemiologia e Saúde da População da London School of Hygiene and Tropical Medicine, do Ubuntu Center on Racism, Global Movements e Population Health Equity da Universidade Drexel, do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia e do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia.
Os dados do Cadastro Único do governo federal, que incluem mais de 114 milhões de brasileiros com baixa renda, foram utilizados no estudo, no período de 2001 a 2015. Do universo de mulheres pesquisadas, 53,3% eram pardas, 32,8% eram brancas, 8,2% eram pretas, 0,5% eram indígenas e 0,4% eram asiáticas.
Para a pesquisadora Joanna Guimarães, associada ao Cidacs/Fiocruz Bahia, o estudo mostra o resultado positivo da política pública do Bolsa Família na redução das desigualdades na mortalidade por câncer de mama em mulheres. Ela defende que o estudo tem implicações políticas, pois sugere a inclusão do rastreamento e exame clínico das mamas entre as condicionalidades do Bolsa Família.