Influenciadores no TikTok induzindo autodiagnóstico de transtornos mentais em usuários jovens, alertam especialistas.

Titulando “TikTok, diagnóstico e medicina por meio de vídeos: entre o perigo e a conscientização”

A popularização das redes sociais mudou a forma como as pessoas buscam informações e como procuram validar seus sintomas. No TikTok, uma das plataformas mais utilizadas para entretenimento entre jovens, uma nova tendência tem despertado preocupação. Inúmeros influenciadores e criadores de conteúdo sem formação médica têm divulgado vídeos que propõem testes para autodiagnóstico de transtornos mentais, como ansiedade, depressão e até mesmo o espectro do autismo.

Esses testes, que têm como objetivo apresentar uma série de sintomas para que o espectador possa constatar se possui determinado transtorno, têm despertado a atenção de milhares de usuários, muitos deles menores de idade. A facilidade e rapidez com que os vídeos são absorvidos pelos usuários chamam a atenção para o potencial de influência que eles exercem sobre a percepção das condições de saúde mental.

Segundo Lucila Varela, de 18 anos, a visualização desses vídeos contribuiu para que ela mesma se identificasse com os sintomas propostos. Mesmo já tendo sido diagnosticada com ansiedade, Lucila afirmou que, ao assistir aos conteúdos, acabou se convencendo de que poderia ter o transtorno. Já Rosario Arguello, também de 17 anos, destacou a importância de que os vídeos sirvam de alerta, mas ressaltou que a atitude pode gerar autodiagnósticos equivocados.

A psiquiatra Laura Mendel alertou para os perigos da propagação desenfreada desses tipos de conteúdos. Ela destacou que a viralização dos vídeos tem levado muitos jovens a buscarem ajuda médica já com um autodiagnóstico prévio. Esse movimento, segundo ela, tem gerado um aumento considerável no número de consultas, com muitos pacientes já chegando com um possível diagnóstico feito.

Ainda, Laura Mendel alertou para o perigo do uso indiscriminado de medicamentos por parte de jovens que buscam prescrições com base em autodiagnósticos feitos a partir de conteúdos na internet. Diana Sahovaler de Litvinoff, psicanalista de crianças e adolescentes, reforçou a preocupação, ressaltando que os autodiagnósticos representam uma simplificação perigosa da complexidade que envolve um diagnóstico médico.

O tempo excessivo de tela e a influência das redes sociais no desenvolvimento psicológico dos adolescentes também foram destacados como fatores preocupantes por Alberto Álvarez, psicanalista e psiquiatra de crianças e adolescentes. Ele alertou para os riscos da dependência dos adolescentes das redes sociais, que pode gerar danos psicológicos e afetar a autoestima e a identidade dos jovens.

Diante desses alertas, é imprescindível que os usuários do TikTok e de outras redes sociais tenham consciência dos riscos do autodiagnóstico e busquem sempre a orientação de profissionais de saúde qualificados para a obtenção de um diagnóstico correto e tratamento adequado. A viralização de conteúdos que incentivam a automedicação e o autodiagnóstico deve ser acompanhada de um movimento de educação e conscientização, visando promover práticas de saúde responsáveis e seguras.

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