Líder indígena Paulo Marubo falece em Manaus após luta contra hepatite – Legado de luta e proteção à Terra Indígena do Vale do Javari é reconhecido

Líder indígena Paulo Marubo morre após piora em quadro de hepatite

No último sábado, dia 3, o líder indígena Paulo Marubo faleceu em Manaus devido a complicações de saúde. Paulo foi o coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) por três vezes e também foi um dos companheiros de luta do indigenista Bruno Pereira, que foi assassinado em 2022. Marubo teve uma piora em seu quadro de hepatite ao longo da última semana, o que resultou em sua morte.

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De acordo com o advogado Eliésio Marubo, que também é uma liderança ligada à entidade, Paulo Marubo já apresentava comprometimento nos rins e fígado devido à doença. Ele foi fundamental na estruturação da Equipe de Vigilância da Univaja (EVU), que surgiu com o propósito de ampliar a segurança dos povos indígenas na Terra Indígena do Vale do Javari. Vale ressaltar que esse território abriga a maior população de indígenas em isolamento voluntário em todo o mundo e enfrenta ameaças do tráfico internacional de drogas, pesca ilegal e caça ilegal.

Além disso, Paulo Marubo liderou as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista britânico Dom Phillips, do The Guardian. O advogado Eliésio Marubo informou que Paulo precisou de diversas intervenções médicas, incluindo a reposição de plaquetas e a retirada de líquidos da cavidade abdominal. A precariedade no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) fez com que ele fosse transferido para Tabatinga (AM) e posteriormente para Manaus, onde ficou internado no Hospital 28 de Agosto.

Eliésio Marubo criticou a falta de suporte do governo do Amazonas, que não ofereceu um esquema efetivo para garantir a integridade de seu tio, mesmo sabendo que ele era um alvo de criminosos e havia sido ameaçado de morte inúmeras vezes. A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) reconheceu o legado deixado por Paulo Marubo, afirmando que ele “criou condições para que a floresta e as vidas que ali habitam sigam em pé”.

A Agência Brasil procurou os ministérios dos Povos Indígenas e da Saúde, bem como a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, mas até o momento não obteve retorno.

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