Governo guatemalteco descarta “guerra” contra gangues, em oposição à estratégia do presidente de El Salvador, Nayib Bukele.

O governo do presidente guatemalteco, Bernardo Arévalo, adota uma postura distinta da do presidente do El Salvador, Nayib Bukele, em relação à política de segurança, conforme afirmou o ministro do Interior, Francisco Jiménez, à AFP. Em entrevista, Jiménez destacou que a implementação de uma política de segurança semelhante à de Bukele, que inclui prisões arbitrárias em massa, não seria adequada para a Guatemala. Além disso, a presidente hondurenha, Xiomara Castro, tentou replicar a abordagem de Bukele em seu país, porém sem sucesso.

O governo de Arévalo, empossado em 14 de janeiro, pretende focar na redução das operações de extorsão das gangues, particularmente contra comerciantes e transportadoras. Para isso, está planejando realizar revistas nas prisões e criar um grupo especial da polícia. Outro objetivo é combater o narcotráfico na fronteira com o México, onde se suspeita que os cartéis mexicanos, como o Jalisco Nova Geração, tenham se fortalecido.

Em relação à situação das gangues na Guatemala, o ministro disse que, embora existam muitos membros pertencentes a esses grupos, estimados entre 12.000 e 15.000, o contexto não é tão grave quanto o de El Salvador, onde o número de membros das gangues era de cerca de 100.000.

Questionado sobre a possibilidade de uma “guerra contra as gangues”, Jiménez esclareceu que, devido à natureza social da criminalidade, a abordagem não pode ser comparada a uma guerra entre estados. No lugar disso, ele destacou a importância de abordar a contenção do crime a partir de uma perspectiva preventiva, de inteligência e de investigação criminal.

Quanto à possibilidade de declarar estado de exceção, o ministro afirmou que a atual legislação do país é suficiente para lidar com a situação. Ele pontuou que os resultados dos estados de exceção na Guatemala têm se mostrado limitados, enquanto o custo político e financeiro é alto em comparação com os resultados.

Finalizando a entrevista, Jiménez comentou sobre a estratégia de Bukele, destacando que abordagens excessivamente abrangentes podem resultar em estigmatização e criminalização de toda uma população, o que não é válido. Ele também falou sobre o narcotráfico e a importância do controle territorial e de vias estratégicas para combater a atividade criminosa.

Em resumo, a abordagem do governo guatemalteco sob a liderança do presidente Arévalo difere da abordagem de outros países da América Central, como El Salvador e Honduras. O foco está em ações específicas para combater o crime organizado, em vez de declarar “guerra” contra as gangues. Esse posicionamento busca evitar o estigma e a criminalização generalizada da população, enquanto prioriza medidas de contenção e prevenção do crime.

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