Operação da Polícia Federal investiga ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes do governo por tentativa de golpe de Estado.

No dia 8 de fevereiro, uma operação da Polícia Federal conhecida como “Tempus Veritatis” foi desencadeada, com o ex-presidente Jair Bolsonaro e membros de seu governo como alvos. A investigação visava apurar a formação de uma suposta organização criminosa com o objetivo de promover um golpe de Estado. A operação se seguiu ao acordo de colaboração premiada firmado entre a PF e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

As investigações revelaram que o grupo elaborou uma minuta, com a participação de Bolsonaro, que previa medidas contra o Poder Judiciário, incluindo a prisão de ministros da Suprema Corte. Além disso, o grupo promoveu reuniões para impulsionar a propagação de notícias falsas contra o sistema eleitoral brasileiro e monitorou as atividades do ministro do STF, Alexandre de Moraes, responsável por autorizar a operação.

A Polícia Federal cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva, com os investigados proibidos de manter contato e de deixarem o país, incluindo a entrega do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro. Dentre os alvos de busca e apreensão estavam o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, o ex-ministro da Casa Civil Walter Souza Braga Netto, e outros ex-ministros e militares do governo. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, também acabou sendo preso por porte ilegal de arma.

Segundo a PF, o grupo elaborou uma minuta de decreto que visava executar um golpe de Estado, incluindo a prisão de ministros do STF e a realização de novas eleições. As mensagens indicaram que Bolsonaro solicitou mudanças no texto original, mantendo a prisão de Moraes e a convocação de novas eleições. O presidente convocou uma reunião com os comandantes das Forças Armadas para pressioná-los a aderir ao golpe.

Outra revelação das investigações foi uma reunião convocada por Bolsonaro com a alta cúpula do governo federal, na qual foi cobrado o uso dos cargos para disseminar informações falsas sobre supostas fraudes nas eleições. O então ministro-chefe do GSI defendeu a necessidade de agir antes das eleições para garantir a permanência de Bolsonaro no poder.

Além disso, o grupo também monitorou os deslocamentos do ministro Alexandre de Moraes entre Brasília e São Paulo, utilizando um codinome para se referir ao ministro do Supremo. Também foram identificadas mensagens sobre a organização dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que resultaram em ataques e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília.

A operação da PF teve desdobramentos em diversos estados brasileiros, com a participação do Exército em alguns dos mandados. As revelações feitas pela investigação apontam uma série de eventos e ações planejadas para a realização de um golpe de Estado, o que abre margem para mais desdobramentos legais e políticos no país.

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