Presidente argentino e presidente de El Salvador se aproximam em questões de segurança interna e trocam elogios.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, reeleito no último domingo, expressou abertamente sua admiração pelo presidente argentino, Javier Milei, e ofereceu colaboração em matéria de segurança interna. Bukele afirmou que sua administração já manteve contatos com a ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich, que manifestou interesse em adaptar o modelo de segurança de Bukele para combater a delinquência e o crime organizado em seu país.

A aproximação entre os dois líderes de ultradireita latino-americanos era, segundo fontes próximas a Milei, uma questão de tempo. O chefe de Estado argentino conversou por telefone com Bukele após derrotar Sergio Massa nas urnas em 19 de novembro, e a sintonia entre eles foi imediata. Bukele revelou detalhes da conversa, afirmando que conversaram longamente e que Milei lhe deu um panorama do país, sobretudo em matéria econômica.

Os contatos entre os dois governos devem se intensificar no futuro. Bullrich afirmou que pretende visitar El Salvador, atendendo a um convite que recebeu das autoridades do país, demonstrando assim o interesse em adaptar o modelo de Bukele. Isso porque a insegurança na Argentina está cada vez mais complicada. Segundo estudo realizado em 2023, 64% dos entrevistados afirmaram que o crime havia crescido no país. Outro dado alarmante é o aumento da participação de menores de 18 anos em delitos. Nesse contexto, a colaboração com Bukele parece ser uma estratégia para combater esses desafios.

No entanto, é importante ressaltar que o modelo de segurança de Bukele é controverso e vem sendo criticado por organismos internacionais e ONGs de defesa dos direitos humanos, devido a medidas como a decretação de estado de emergência e o encarceramento em massa, além de prisões de inocentes. Essa abordagem representa um risco para a democracia e levanta preocupações sobre a legitimidade internacional do governo de Bukele.

Além disso, a aproximação entre Milei e Bukele é vista como altamente benéfica para o primeiro, que está há pouco tempo no poder. No entanto, no próprio El Salvador, o nome de Milei não tem a mesma importância política que o de Bukele, o que mostra um desequilíbrio nessa parceria. A Argentina corre o risco de se associar a um governo que despreza a democracia, tendo em vista as declarações do vice-presidente salvadorenho, Félix Ulloa, sobre a eliminação do sistema democrático.

Diante disso, a aproximação entre os governos de Milei e Bukele representa um desafio para a Argentina, que precisa avaliar com cautela os riscos e benefícios dessa colaboração em matéria de segurança interna. Bem como sua participação em um “clube” de líderes de direita que levanta preocupações sobre a decadência da democracia na região.

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