A questão do aborto legal na Argentina é sensível e polariza a sociedade argentina, trazendo à tona debates acalorados em todas as esferas políticas e sociais. A lei de Interrupção Voluntária foi aprovada em 2020 e entrou em vigor no ano seguinte, estabelecendo parâmetros para a interrupção da gravidez até 14 semanas completas, sem a necessidade de justificativa, em casos de estupro ou risco à saúde da grávida. As discussões e manifestações sobre o tema têm sido frequentes desde então.
Diante desse cenário, a apresentação de um projeto para revogar a legislação em vigor certamente gera repercussões. Organizações feministas já se posicionaram contrárias à iniciativa, classificando-a como uma distração para os problemas mais urgentes enfrentados pelo país, como a crise econômica, a inflação e a pobreza em alta. Em declaração à AFP, Victoria Tesoriero, ativista da Campanha pelo Direito ao Aborto Legal, foi enfática ao afirmar que não vão aceitar ser usadas como cortina de fumaça em um momento delicado para a Argentina.
O contexto político também influencia, com a retirada de um projeto de lei com amplas reformas proposto por Milei do Congresso após um revés legislativo na terça-feira. O presidente ultradireitista, que se define como um libertário antissistema, tem enfrentado resistência em suas iniciativas, o que aumenta a tensão em torno do projeto para revogar o aborto legal.
Diante desse cenário, a discussão em torno do aborto legal na Argentina promete se intensificar, destacando as divergências e tensões no país em relação a um tema de grande relevância e impacto social. A dinâmica política e as manifestações da sociedade serão determinantes nos próximos passos do debate sobre a interrupção voluntária da gravidez no país sul-americano.