Manoel Luiz era uma liderança na luta pelo acesso à terra em São Miguel de Taipu, Paraíba, e foi morto a tiros aos 40 anos, deixando a esposa grávida e um filho de quatro anos, Manoel Adelino. Este último, agora com 31 anos, está na Costa Rica para acompanhar o caso e representa uma família que nunca recebeu qualquer resposta das autoridades brasileiras em relação ao assassinato de seu pai.
Adelino acredita que o julgamento da Corte IDH é fundamental para trazer justiça para a família e também para evitar que outros trabalhadores rurais sofram nas mãos da violência no campo. Ele destaca que a morte de seu pai desestruturou a família e o obrigou a trabalhar desde muito cedo para sobreviver, deixando as oportunidades de estudo para trás.
O caso de Manoel Luiz foi levado à Corte IDH após organizações, como a Comissão Pastoral da Terra da Paraíba e a Justiça Global, apelarem ao órgão internacional para cobrar a responsabilidade do Estado brasileiro em relação a esse crime. Antes disso, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) investigou o caso e concluiu que a polícia foi omissa em relação às diligências essenciais para a persecução penal dos responsáveis, o que inviabilizou a investigação.
A representante da Comissão Pastoral da Terra na Paraíba, João Muniz, ressalta que o caso de Manoel Luiz não é um caso isolado e que a impunidade no campo brasileiro tem resultado em um aumento das mortes de trabalhadores rurais. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, os conflitos por terra no Brasil aumentaram em 2022, atingindo mais de 180 mil famílias e resultando na morte de 47 pessoas.
Se o Estado brasileiro for considerado culpado pela Corte IDH, esta terá o poder de determinar que o país tome medidas para reparar as famílias afetadas e evitar novos crimes como esse. Assim, o julgamento poderia significar um avanço na luta pela justiça para a família de Manoel Luiz e uma esperança para outros trabalhadores rurais que enfrentam um cenário de violência e impunidade no campo brasileiro.