Noberto expressa sua esperança em uma mudança depois de tantos anos de luta e sofrimento, enquanto aguarda o veredito da Corte IDH. Ele viajou até San José, a capital da Costa Rica, para acompanhar de perto o desenrolar do julgamento, na esperança de que finalmente a justiça será feita.
Segundo Noberto, Almir desapareceu por estar lutando pela desapropriação de terras que já eram trabalhadas por dezenas de famílias, mas também despertavam o interesse de fazendeiros da região. O desaparecimento de Almir Muniz tem sido um símbolo da luta pela terra no Brasil, e a família espera que o julgamento conduza o Estado a reconhecer a importância dos trabalhadores rurais e a buscar justiça para casos como o de Almir.
A desaparição forçada tem deixado marcas profundas na família de Almir. Sua mãe, de 85 anos, ainda sofre com a incerteza e espera pela volta de seu filho desaparecido. Este é apenas um dos vários casos de desaparecimento forçado no Brasil, que, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, registrou 74.061 desaparecidos em 2023, totalizando uma média de 203 desaparecimentos diários.
É importante ressaltar que este julgamento é o primeiro caso do Brasil envolvendo o desaparecimento forçado no contexto da reforma agrária. A ONG Justiça Global espera que a Corte IDH trate dessa prática e estabeleça medidas para que o Estado brasileiro reconheça o crime de desaparecimento forçado e a impunidade que o cerca.
Caso o Estado brasileiro seja considerado culpado, a Corte IDH poderá determinar que medidas sejam tomadas para reparar as famílias afetadas e evitar que novos crimes como esse ocorram no país. Portanto, o julgamento tem um grande peso simbólico e poderá representar um passo fundamental para o reconhecimento e a justiça às vítimas de desaparecimento forçado no Brasil.