Ex-ministro Anderson Torres montou grupo na Polícia Federal para pressionar TSE, afirma vídeo da reunião golpista de 2022

Em uma reunião golpista realizada em 5 de julho de 2022, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, revelou ter formado um grupo dentro da Polícia Federal com o propósito de pressionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante o processo de preparação das eleições presidenciais. De acordo com Torres, o grupo foi composto por delegados, peritos e agentes, e teria a tarefa de acompanhar de perto as eleições, fazendo questionamentos considerados necessários.

Essas revelações foram feitas por Torres, que foi um dos alvos da operação Tempus Veritatis, que foi deflagrada com o objetivo de investigar a tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. O ex-ministro chegou a ser preso como parte dessas investigações.

A Polícia Federal está investigando a atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de generais das três Forças Armadas e de auxiliares. A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Entre as provas utilizadas na investigação está um vídeo da reunião ministerial de 5 de julho, que foi tornado público. No vídeo, Torres faz uma declaração que durou pouco mais de seis minutos, onde cita diretrizes de Jair Bolsonaro e afirma a necessidade de agir no momento. Ele menciona a atuação “pesada” do “lado de lá” e chega a mencionar uma suposta relação entre o PT e o PCC.

De acordo com a Polícia Federal, o grupo alvo da operação tinha seis frentes de atuação, e Torres fazia parte do Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral e do Núcleo Jurídico.

Procurada, a defesa de Anderson Torres informou que está buscando acesso aos autos e que somente vai se manifestar após analisar o processo.

Anderson Torres já está cumprindo medidas cautelares em razão dos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023, quando a Praça dos Três Poderes foi invadida por apoiadores de Bolsonaro. Naquela data, Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, mas estava de férias nos Estados Unidos.

Essas revelações trazem à tona mais um capítulo do conturbado cenário político brasileiro, evidenciando tensões e movimentos considerados antidemocráticos por parte de figuras proeminentes do governo anterior. A investigação em curso promete trazer à luz mais detalhes sobre as ações empreendidas por esses grupos e seus líderes, estabelecendo um marco importante para a consolidação da democracia e do Estado de Direito no Brasil.

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