Empresário neto de Figueiredo é alvo de operação da PF por suposta incitação a golpe de Estado e desinformação antidemocrática.

O jornalista Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do último presidente militar após o golpe de 1964, está entre os alvos de uma operação deflagrada ontem (8) pela Polícia Federal (PF). Segundo a PF, Figueiredo Filho atuou em uma suposta operação de “propagação de desinformação golpista e antidemocrática”, juntamente com o general Braga Netto, o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto, e o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cesar Cid. De acordo com as investigações, eles integravam o núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado, coordenando ações criadas para pressionar os militares que não aceitassem aderir aos planos golpistas.

Os diálogos obtidos pela PF revelaram que Correa Neto sabia horas antes o nome exato dos comandantes militares que seriam expostos pelo empresário e então comentarista em programas de rádio e televisão, o que demonstra a existência de uma ação coordenada para expor e pressionar os militares que não aceitassem aderir aos planos golpistas. O ministro Alexandre de Moraes detalhou no relatório que o grupo de incitação de militares escolhia “alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investidas golpistas”.

A participação ativa de Correa Neto na organização de uma reunião em Brasília com a presença de oficiais militares também foi destacada nas investigações. Ele intermediou o convite para a reunião e selecionou apenas os militares formados no curso de Forças Especiais, demonstrando um planejamento minucioso para utilizar técnicas militares para consumar o golpe de Estado.

O ministro Alexandre de Moraes destaca ainda a existência de um documento que serviria como suposto manifesto de oficiais superiores do Exército com “clara ameaça de atuação armada”. Por conta dessas investigações, foi solicitada a prisão preventiva de Figueiredo Filho, porém a decisão proibiu apenas o contato com os demais investigados no esquema de preparação do golpe de Estado.

Figueiredo Neto já esteve envolvido em problemas anteriores com a Polícia Federal, tendo sido preso em 2019 nos Estados Unidos por suspeita de integrar um esquema de pagamento de propinas a dirigentes do BRB, banco controlado pelo governo do Distrito Federal. Seu nome também consta em pelo menos 18 processos em tribunais brasileiros.

A reportagem entrou em contato com Figueiredo Neto para obter um posicionamento da defesa, porém aguarda resposta.

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