Aumento da frequência de dias quentes no Rio de Janeiro pode ampliar população de mosquito Aedes aegypti, alerta estudo.

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR) aponta que as mudanças climáticas podem aumentar a frequência de dias mais quentes no Rio de Janeiro, o que, por sua vez, terá o potencial de expandir a população de mosquito Aedes aegypti e a transmissão da dengue no estado.

De acordo com o estudo, as previsões climáticas para as próximas décadas indicam um aumento das temperaturas médias e mínimas, o que favoreceria o ciclo de reprodução do Aedes.
Além disso, o período de inverno, tradicionalmente associado a uma menor incidência da dengue, deverá passar a ter dias mais quentes, ampliando a janela de temperatura favorável à infestação pelo mosquito e aumentando o potencial para novos casos da doença nessa estação.

Outro ponto destacado pelo estudo é que o aumento das temperaturas poderá expandir a ocorrência do mosquito em regiões do território fluminense onde hoje é limitada, devido ao frio, como a região serrana, o sul fluminense e o noroeste do estado.

O pesquisador Antonio Carlos Oscar Júnior, coordenador do estudo, ressaltou que, embora não seja possível prever um aumento no número de infecções ou mortes por dengue, as condições ambientais que estão sendo desenvolvidas são adequadas para aumentar a população do mosquito. Isso, por sua vez, pode levar a uma maior difusão do vírus e, consequentemente, uma maior exposição da população ao vírus.

Para acompanhar de perto as mudanças climáticas e a relação com a proliferação do Aedes aegypti, a equipe de pesquisa criou uma rede de estações de monitoramento meteorológico, que incluem armadilhas para mosquitos, conhecidas como ovitrampas. Atualmente, essa rede cobre cerca de dez estações no Grande Rio e nas regiões sul, serrana e dos Lagos, com planos de expandi-la para outras regiões do estado.

O objetivo é que, a partir dos dados coletados, seja possível desenvolver um sistema de alerta que forneça informações semanalmente sobre o risco de desenvolvimento do Aedes aegypti e, portanto, da infecção por dengue. Esse sistema deve entrar em operação já no próximo semestre.

Apesar da imunização da população contra a dengue, que está prevista para começar em algumas cidades brasileiras, o monitoramento do mosquito continua sendo fundamental, não apenas devido à dengue, mas também por conta de outras arboviroses transmitidas pelo Aedes, como a zika, a chikungunya e a febre amarela.

Portanto, a pesquisa indica que a mudança climática no Rio de Janeiro será um fator determinante para a proliferação do mosquito e transmissão da dengue, demandando a implementação de medidas preventivas e de monitoramento contínuo para evitar o aumento de casos da doença.

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