“Um defeito de cor”: a consagração literária que se transformou em um verdadeiro amor de carnaval com os leitores.

O enredo “Um defeito de cor”, da Portela, brilhou na Avenida no último Carnaval e conquistou o Estandarte de Ouro. O romance homônimo de Ana Maria Gonçalves tem encantado os leitores desde o seu lançamento em 2006, alcançando a primeira posição na lista de mais vendidos da Amazon, dezoito anos após a sua publicação.

Vencedor do Prêmio Casa de las Américas e uma referência em temas relacionados à ancestralidade africana e os efeitos da escravidão no Brasil, “Um defeito de cor” já está indo para a sua trigésima edição. Durante o desfile da Portela, a edição mais antiga do romance esgotou duas vezes, atestando o sucesso do livro de quase mil páginas.

Baseado em intensa pesquisa documental, o enredo conta a jornada de Kehinde, uma mulher negra que foi sequestrada aos oito anos no Reino do Daomé, atual Benin, e trazida para ser escravizada na Ilha de Itaparica, na Bahia. A história, inspirada em Luísa Mahin, mãe do poeta Luís Gama e participante da Revolta dos Malês, tem sido discutida sob diferentes perspectivas, como no desfile da Portela.

Os carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga transformaram a história em enredo, sonhando com uma carta do advogado abolicionista Luiz Gama para sua mãe, Luíza Mahim, a partir das lições deixadas por ela. Além disso, a participação de nomes importantes da luta pela igualdade racial, como o ministro Silvio de Almeida (Direitos Humanos) e o ator Lázaro Ramos, agregou valor ao desfile. O livro ajuda a compreender questões históricas do país, como o racismo, e o enredo também abordou o tema, especialmente ao enaltecer a porta-bandeira Vilma Nascimento, vítima de racismo no ano anterior.

Além de se destacar no Carnaval, “Um defeito de cor” ganhou uma edição especial em 2022, com projeto gráfico renovado e a inclusão de obras da renomada artista plástica Rosana Paulino. Adicionalmente, a exposição no Museu de Arte do Rio (MAR) reuniu 400 obras de mais de cem artistas, de vários estados brasileiros e do continente africano, entre pinturas, desenhos, esculturas, vídeos e instalações.

A trajetória de sucesso do romance e a sua adaptação para o desfile da Portela demonstram o valor e a relevância das temáticas abordadas, contribuindo para uma reflexão mais profunda sobre a história, a cultura e a luta do povo negro no Brasil.

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