Tabagismo causa 8 milhões de mortes por ano e deixa danos imunológicos duradouros, revela novo estudo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo causa cerca de 8 milhões de mortes a cada ano. Alguns efeitos nocivos do cigarro, porém, são duradouros mesmo para aqueles que param de fumar. Agora, um estudo realizado pelo Instituto Pasteur, em Paris, França, revela que o sistema imunológico parece acumular muito mais danos do que se supunha anteriormente devido ao tabagismo.

O trabalho destacou um fator que era até então ignorado: o sistema imunológico adaptativo, que é construído ao longo do tempo por meio do contato com agentes invasores, como vírus e bactérias, e o desenvolvimento de defesas contra eles. Os autores da pesquisa afirmam que “o tabagismo modifica persistentemente o sistema adaptativo”, e esses danos podem durar por até 15 anos.

As conclusões foram baseadas em uma análise de mil indivíduos. Eles foram selecionados há mais de uma década para fazer parte do projeto do Instituto Pasteur e a imunidade dos voluntários foi estudada regularmente por meio de diversos testes, como exames de sangue. Esse tipo de pesquisa, chamada de projeto de coorte, é uma forma robusta de avaliar como diferentes fatores influenciam a saúde e o metabolismo ao longo do tempo.

O efeito do cigarro na imunidade não é algo totalmente novo, pois já se sabia que o fumo afeta a chamada imunidade “inata”. O novo estudo confirmou isso e apontou que esse efeito desaparece imediatamente após interromper o tabagismo. No entanto, a grande novidade é que o mesmo não acontece com a imunidade adquirida no decorrer do tempo.

Segundo o pesquisador Darragh Duffy, chefe da Unidade de Imunologia Translacional do Institut Pasteur, “Uma comparação das respostas imunológicas em fumantes e ex-fumantes revelou que a resposta inflamatória retornou aos níveis normais rapidamente após a cessação do tabagismo, enquanto o impacto sobre a imunidade adaptativa persistiu por 10 a 15 anos. Essa é a primeira vez que é possível demonstrar a influência de longo prazo do tabagismo nas respostas imunológicas”.

Os pesquisadores também mostraram que esses distúrbios estão relacionados a um efeito “epigenético”. O DNA das pessoas permanece o mesmo, mas a exposição ao tabaco afeta a maneira como determinados genes são expressos e se comportam na prática. Para preservar a imunidade a longo prazo, os especialistas destacam que é melhor nunca começar a fumar.

Além disso, outro estudo, publicado no NEJM Evidence na semana passada, destaca até que ponto os riscos à saúde realmente persistem quando se deixa de fumar. Os pesquisadores compararam a mortalidade entre fumantes ativos, nunca fumantes e fumantes mais velhos e mais jovens, concluindo que os riscos levam tempo para desaparecer completamente após a cessação do tabagismo. A média de sobrevida recuperada é de cinco anos, mas é necessário esperar dez anos para recuperar uma expectativa de vida comparável à de alguém que não fumava.

Em resumo, esses estudos evidenciam os impactos danosos que o tabagismo pode causar ao sistema imunológico e à saúde em geral, destacando a importância de medidas preventivas e a cessação do hábito de fumar para preservar a imunidade a longo prazo.

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