Senado recorre ao STF para que transporte público gratuito em dias de eleições seja decidido pelo Congresso e não pela corte.

O Senado entrou com um recurso contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que exige que estados e municípios providenciem transporte público gratuito nos dias de eleições. De acordo com o Senado, essa decisão deveria passar pelo Congresso e, se o STF mantiver a decisão, a Justiça Eleitoral deve ser responsável pelos custos.

O recurso destaca que o prazo de um ano dado pelo Supremo para que o Congresso legisle sobre o assunto é muito curto para que uma lei seja aprovada. Caso não haja uma nova legislação neste período, a gratuidade no transporte municipal e interestadual nos dias de votações entrará em vigor automaticamente.

O recurso, apresentado como um embargo de declaração, é assinado pela coordenadora do Núcleo de Assessoramento e Estudos Técnicos do Senado, Gabrielle Tatith Pereira, pelo advogado-geral adjunto de Contencioso, Fernando Cesar Cunha, e pelo advogado-geral do Senado, Thomaz Gomma de Azevedo.

No documento, os advogados do Senado alertam que a decisão do Supremo ameaça as finanças dos governos locais, resultando em um aumento da dívida de prefeituras e governos estaduais, o que impactaria a capacidade de investimento público em outras áreas. Eles também advertem que a gratuidade no transporte pode levar a desequilíbrios nos contratos entre os governos locais e as empresas de transporte, bem como a um aumento no preço das passagens.

A decisão do STF, julgada em outubro do ano passado, foi aprovada por unanimidade. O acórdão foi publicado no último dia 5, validando a gratuidade no transporte público em dias de votações em uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) movida pelo partido Rede Sustentabilidade.

De acordo com o relator do caso, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, o transporte público gratuito permite que toda a população possa participar do pleito, garantindo a integridade e transparência do processo eleitoral. Barroso enfatizou a importância da participação do maior número de eleitores em uma democracia.

O argumento de omissão constitucional foi utilizado para justificar a decisão do STF, alegando que a falta de aprovação da gratuidade no transporte público constituía uma omissão constitucional que precisava ser corrigida.

O recurso do Senado busca, portanto, desconstruir os argumentos que levaram à aprovação da gratuidade no transporte público e transferir a responsabilidade dos custos para a Justiça Eleitoral, caso a decisão do Supremo seja mantida. O embate entre o Senado e o STF sobre esse tema promete gerar discussões intensas nos próximos meses.

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