Repórter Recife – PE – Brasil

UnB e Secretaria de Saúde do DF planejam pesquisas para deter propagação do Aedes aegypti, vetor de dengue, zika e chikungunya.

Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) estão em negociações com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (DF) para a realização de pesquisas com tecnologias que visem impedir a propagação do mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya.

De acordo com dados da Agência Brasil, o Distrito Federal enfrenta a maior incidência de dengue no país, com 2.405,6 casos a cada 100 mil habitantes. Em menos de dois meses deste ano, já pode ter ultrapassado a marca de 72,6 mil casos de pessoas contagiadas, número recorde atingido durante todo o ano de 2022.

Uma das estratégias em discussão envolve o uso de estações disseminadoras de larvicidas, que consistem em potes pretos com água, forrados com pano da mesma cor, contendo pó de uma substância que mata larvas do Aedes aegypti e interrompe sua multiplicação.

Segundo o biólogo e professor Rodrigo Gurgel Gonçalves, do Laboratório de Parasitologia Médica e Biologia de Vetores da UnB, o mosquito contaminado transporta o larvicida aos criadouros, incluindo àqueles que não são localizados pelos moradores dos imóveis e pela vigilância sanitária. “O mosquito é como se fosse um microdrone que detecta os criadores em qualquer local”, explica.

Essa estratégia foi testada na região administrativa de São Sebastião, a 20 quilômetros da Praça dos Três Poderes, e resultou em uma diminuição de 66% da infestação do mosquito. A experiência dos pesquisadores foi publicada em uma revista científica internacional.

Outra estratégia em análise é a de “borrifação residual intradomiciliar”, em que o agente de saúde aplica inseticida nas paredes das residências. Esse método é considerado fundamental para reduzir a quantidade de mosquitos, e o plano em discussão prevê o monitoramento do resultado das intervenções.

Rodrigo Gurgel Gonçalves prevê que o pico de contaminação da dengue em Brasília ocorrerá nos meses de março e abril. Ele destaca que a infraestrutura urbana e as condições de infraestrutura dos lugares estão associadas à alta incidência da doença.

No ano passado, os pesquisadores da UnB fizeram um acompanhamento de amostragens de mosquito na região da Estrutural, uma das regiões administrativas de Brasília com baixos indicadores sociais e desenvolvimento humano. O monitoramento revelou que na área mais precária foram coletados cinco vezes mais mosquitos do que na área urbanizada.

Esses estudos e pesquisas são fundamentais para o desenvolvimento de estratégias eficazes de combate ao Aedes aegypti e para compreender as especificidades da propagação das doenças transmitidas por esse vetor. A parceria entre os pesquisadores da UnB e a Secretaria de Saúde do DF representa um passo importante na busca por soluções que visem conter a disseminação dessas enfermidades.

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