Câmara de Florianópolis aprova internação forçada de pessoas em situação de rua com transtornos mentais ou usuárias de drogas

A Câmara Municipal de Florianópolis aprovou nesta terça-feira (19), por uma maioria de 17 votos a favor e 4 votos contra, o Projeto de Lei (PL) 19.044/2024, que autoriza a internação forçada de pessoas em situação de rua com transtornos mentais ou usuárias de drogas.

O PL, de autoria do Poder Executivo, já havia sido debatido e aprovado em primeiro turno na última quarta-feira (14). Agora, o texto segue para sanção do prefeito, Topázio Neto.

Entre os vereadores que se opuseram à proposta, estão Cíntia Mendonça (PSOL), Afrânio Tadeu Boppré (PSOL), Carla Ayres (PT) e Tânia Ramos (PSOL). Eles votaram contra o projeto que chama a medida de “internação humanizada” e que possibilita a internação de pessoas com dependência química crônica e prejuízos à capacidade mental.

A Defensoria Pública da União e a Defensoria Pública de Santa Catarina já se manifestaram contra o texto, alegando que “não é capaz de alcançar os fins a que se propõe, além de violar a ordem legal e constitucional”.

O vereador Diácono Ricardo (PSD), que votou a favor da aprovação do PL, afirmou que a meta é evitar que Florianópolis se torne outra Cracolândia, referindo-se à região que concentra usuários de drogas na capital paulista.

Em entrevista concedida à Agência Brasil, a vereadora Cíntia Mendonça observou que a proposta aprovada não condiz com os princípios da reforma psiquiátrica feita no país. Ela afirmou que a medida de internação forçada prioriza a detenção em detrimento de outras ações mais efetivas e humanizadoras para a população em situação de rua.

A vereadora enfatizou que a proposta destoa da política nacional voltada à população em situação de rua, fortalecida pela gestão do atual governo. Ela destacou a falta de um protocolo claro e questionou para onde as pessoas seriam levadas, considerando a ausência de leitos em Florianópolis para casos de urgência de saúde mental.

A Agência Brasil procurou a prefeitura de Florianópolis, mas não obteve retorno até o momento.

A aprovação desse projeto causou polêmica e gerou debates intensos na Câmara Municipal, sendo alvo de críticas de diversos setores da sociedade. A controvérsia em torno da medida demonstra a importância e a sensibilidade do tema, que envolve questões sociais, de saúde pública e de direitos individuais. A decisão final quanto à sanção do PL pelo prefeito será aguardada com grande expectativa para medir o impacto dessa medida na cidade de Florianópolis.

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