De acordo com a CNC, o recuo no índice em fevereiro indica que as famílias estão mais preocupadas em pagar e diminuir suas dívidas do que em realizar novas aquisições. O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, explicou que, apesar das melhores taxas de juros, a busca por crédito pelas pessoas físicas vem desacelerando em relação aos resultados do ano passado, demonstrando uma menor procura por esses recursos.
Tavares enfatizou que a redução da inadimplência sugere que as famílias estão aproveitando o crédito mais barato para equilibrar seus orçamentos, em vez de contrair novas dívidas por meio do consumo. A CNC ressaltou que essa preferência por reduzir dívidas em vez de consumir mais é um reflexo da maior consciência das famílias brasileiras em relação às suas finanças.
A pesquisa também apontou que a inflação controlada contribuiu para aumentar a renda real das famílias, proporcionando maior poder de compra aos consumidores e impulsionando o comércio. Além disso, houve um crescimento constante na população empregada, o que impactou o aumento da massa salarial, trazendo mais recursos para o consumo.
A queda na intenção de consumir em fevereiro foi mais expressiva nas famílias com renda abaixo de dez salários mínimos, que recuou 0,6%. Já para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, a redução foi de 0,1%. A CNC avalia que a prioridade das famílias de menor renda em ajustar seus orçamentos está relacionada ao fato de estarem mais endividadas, enquanto as famílias com maiores rendimentos já enxergam uma melhora no consumo futuro.
A pesquisa, realizada em todo o país com uma amostra de 18 mil consumidores, leva em consideração sete indicadores relacionados às condições atuais, expectativas futuras e acesso ao crédito. Em fevereiro, o único indicador que teve alta na percepção foi o da renda atual. A CNC ressaltou que, apesar da queda na intenção de consumo, a intenção de compra permanece melhor do que em anos anteriores, indicando uma maior atenção das famílias brasileiras ao planejamento financeiro.