Segundo o órgão, Lindomar Santos Matos foi cercado pelos policiais na parte externa de um bar na rodovia BA-142 e, em seguida, foi executado com dez tiros de fuzil, sendo alguns à queima-roupa e dois disparados quando a vítima estava de costas. O MP acrescentou que o adolescente não teve chance de defesa, o que sustenta a acusação de homicídio qualificado por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima.
Os policiais apontados como responsáveis alegam ter disparado apenas quatro tiros, porém o órgão acredita que os agentes tenham manipulado a cena do crime, movendo o corpo da vítima já sem vida com o objetivo de aparentar que prestaram socorro.
A denúncia esclarece o contexto dos dias que antecederam o assassinato do jovem cigano, apontando que a família da vítima já estava sendo perseguida pela polícia na noite anterior ao crime, com quatro guarnições diferentes atrás deles. Os agentes teriam tornado o jovem alvo após ele pedir abrigo em um local e não ter sido atendido.
O ódio contra ciganos, conhecido como anticiganismo, tem sido acompanhado pela Defensoria Pública da Bahia. O assassinato de Lindomar Santos Matos se soma a uma série de outros crimes, incluindo a morte de oito ciganos com parentesco entre si em Vitória da Conquista, pelas mãos de policiais, em 2021. Além disso, houve quatro assassinatos em Camaçari e Dias D’Ávila em 2022, e um quinto caso em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano. Uma das chacinas mais recentes ocorreu em 5 de outubro de 2023, resultando na morte de seis pessoas, sendo quatro delas ciganas, de acordo com o MP.
A Polícia Militar da Bahia e a Secretaria da Segurança Pública foram procuradas pela Agência Brasil, mas não houve retorno.
