Empresa chinesa de segurança cibernética hackeou governos estrangeiros, revela análise de vazamento de dados por especialistas.

Uma empresa chinesa de segurança cibernética está no cerne de um escândalo de proporções internacionais. De acordo com análise de especialistas, a empresa I-Soon invadiu governos estrangeiros, contas de redes sociais e computadores pessoais. Documentos vazados da companhia revelam que os hackers atacaram mais de 10 governos, incluindo importantes organizações democráticas em Hong Kong, universidades e até a Otan.

As informações vazadas foram publicadas na semana passada em um fórum da plataforma GitHub e revelam detalhes extremamente concretos, mostrando a maturidade do ecossistema de espionagem cibernética chinesa. Entre os governos atacados estão escritórios governamentais na Índia, Tailândia, Vietnã e Coreia do Sul, segundo uma mensagem publicada pela empresa de segurança cibernética Malwarebytes. A investigação revelou ainda que a I-Soon manteve ações ofensivas contra governos estrangeiros, incluindo uma lista de alvos governamentais da Tailândia e Reino Unido, além de tentativas de acessar contas individuais do Facebook.

Analistas que examinaram os arquivos vazados destacam que a I-Soon oferecia aos potenciais clientes a capacidade de acessar contas da rede social X, monitorar suas atividades e ler as mensagens privadas. A empresa também incluía serviços de hackeamento de smartphones, oferecendo inclusive uma bateria externa que poderia extrair dados de um dispositivo e transmiti-los para os hackers.

Além disso, o vazamento indica que a I-Soon esteve envolvida em licitações de contratos na região chinesa de Xinjiang, onde o governo de Pequim é acusado de prender centenas de milhares de muçulmanos como parte de uma campanha contra supostos extremistas – classificada pelos Estados Unidos como genocídio.

O governo chinês afirmou, por meio de um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, que não está a par do caso. Afirmou ainda que “a China se opõe de maneira veemente a qualquer tipo de ciberataques e os persegue de acordo com a lei”.

Outra revelação do vazamento é a quantia de 55.000 dólares que foi paga para uma ação contra um ministério do governo do Vietnã. Isso revela a abrangência das operações da empresa, que também administra um instituto dedicado a “implementar o espírito das instruções importantes” do presidente Xi Jinping sobre o desenvolvimento da segurança cibernética.

O escândalo envolvendo a I-Soon destaca uma das características mais proeminentes da geopolítica no século 21, onde a guerra cibernética se tornou cada vez mais sofisticada e agressiva. A empresa chinesa se torna um símbolo desse novo contexto, à medida que gera riscos elevados para a segurança digital de governos estrangeiros, organizações e até indivíduos comuns. Diante dessas revelações, resta ainda acompanhar o desenrolar das investigações e as medidas que serão tomadas pelas autoridades chinesas e internacionais para lidar com essa situação preocupante.

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