Ministro Dias Toffoli indica disposição para debater revisão da Lei da Anistia em 2024, gerando expectativas na sociedade brasileira.

A revisão da Lei da Anistia, um tema que tem sido uma antiga reivindicação da sociedade civil brasileira, ganhou destaque recentemente com o posicionamento do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante uma reunião com representantes do Instituto Vladimir Herzog em Brasília, Toffoli expressou sua disposição em promover um amplo debate sobre o assunto a partir do segundo semestre de 2024, por meio de audiências públicas.

A Lei da Anistia, promulgada em 1979 durante a ditadura militar, perdoou todos os envolvidos em “crimes políticos ou conexos”, o que resultou na impunidade de agentes da repressão que cometeram torturas, assassinatos e desaparecimentos de presos políticos entre 1969 e 1979.

Rogério Sottili, diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog, ressaltou a importância da iniciativa de Toffoli, afirmando que é um passo significativo para virar essa página da história. A Lei da Anistia gerou impunidade e contribuiu para a perpetuação de atitudes antidemocráticas e desrespeito aos direitos humanos. Segundo Sottili, a revisão da lei é fundamental para corrigir essa distorção e garantir que as violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura não fiquem impunes.

Além de Toffoli, participaram da reunião no STF o advogado Belisário dos Santos Júnior, ex-secretário de Justiça de São Paulo, e a advogada Bianca os Santos Waks. A base para o debate sobre a revisão da Lei da Anistia é a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 320, apresentada pelo PSOL ao STF em 2014 e que atualmente está sob a relatoria de Toffoli.

O Instituto Vladimir Herzog tornou-se Amicus curiae da ADPF 320 em 2021, contribuindo com subsídios ao julgamento que pede a anulação da anistia concedida a agentes públicos envolvidos em crimes durante a ditadura. A revisão da Lei da Anistia é urgente, pois muitos responsáveis pelos crimes cometidos durante esse período já faleceram, ressaltou Sottili.

Toffoli já havia se mostrado favorável à revisão da Lei da Anistia em outras ocasiões, inclusive votando a favor da revisão do pedido de anistia de ex-militares em 2019. O relatório final da Comissão Nacional da Verdade em 2014 também recomendou a revisão da norma, apontando responsáveis por torturas, assassinatos e desaparecimentos durante a ditadura militar.

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