Economia russa se afasta do Ocidente e se apoia na China: Como a Rússia redesenhou suas relações comerciais após invasão da Ucrânia

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o Ocidente retaliou tentando isolar a economia russa. Dois anos depois, as relações comerciais da Rússia com o mundo foram completamente redesenhadas. Diante das sanções punitivas, o Kremlin cortou laços de décadas com o Ocidente e intensificou a dependência de Moscou na China e em outras nações simpatizantes. Essa mudança permitiu manter vivas a indústria militar e a economia civil do país.

Uma das grandes mudanças foi a yuanização da economia russa. O uso do yuan chinês nas exportações russas ultrapassou o dólar americano. Esse cenário foi impulsionado pelas sanções ocidentais e pelo aumento das exportações de energia russa para a China. Os pagamentos em yuan pelas exportações russas representam cerca de um terço do total, e as empresas do país têm contraído cada vez mais empréstimos nessa moeda.

Outro setor afetado foi o comércio de petróleo. Com metade das exportações russas de petróleo direcionadas para a China, a Índia também emergiu como um grande comprador devido aos descontos oferecidos pela Rússia em relação aos preços globais. Para contornar as sanções, Moscou tem utilizado uma frota paralela de petroleiros não associados a países ocidentais.

Além disso, a chamada “rotatória euroasiática” permitiu à Rússia adquirir bens através das ex-repúblicas soviéticas, contornando as restrições do Ocidente. No campo de batalha, apesar das sanções, Moscou ainda adquire equipamentos de guerra de origem estrangeira, muitos deles provenientes de empresas sediadas nos EUA e na Europa.

A guerra também impactou o turismo russo, com marcas ocidentais sendo substituídas por russas e viagens ao exterior sendo reduzidas. No entanto, russos continuam viajando para destinos como Dubai e Tailândia. Essas mudanças drásticas na economia e no cotidiano dos russos refletem o impacto duradouro da invasão da Ucrânia e das medidas retaliatórias do Ocidente.