Segundo o cientista político Antonio Costa Pinto, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o tema da corrupção tem favorecido a ascensão da direita radical na conjuntura europeia. Essa tendência já pode ser observada em países como Itália, Eslováquia, Hungria e Finlândia, que atualmente são governados por coalizões que incluem partidos de extrema-direita.
Apesar de Portugal ter demorado mais que outros países europeus para ver o surgimento da extrema-direita, o partido Chega, fundado em 2019 por um ex-comentarista de futebol, tem ganhado destaque nas pesquisas de intenção de voto, com entre 15 e 20% das preferências.
O atual principal partido de oposição, o Partido Social Democrata (PSD), liderado por Luis Montenegro, está à frente do Chega nas pesquisas, com quase 30% das intenções de voto. Montenegro descartou qualquer acordo com a extrema-direita e espera formar uma maioria estável com a ajuda de outras legendas, como a Iniciativa Liberal.
A decisão de quem liderará o país nas próximas eleições ainda está em aberto, com dúvidas sobre a possibilidade de uma vitória da centro-direita ou se será necessário o apoio do Chega para governar. O atual primeiro-ministro, António Costa, enfrentou desafios em seu mandato, marcado por escândalos e demissões. Costa renunciou em novembro após ser acusado de tráfico de influência por parte de um de seus ministros.
As próximas semanas serão fundamentais para definir o rumo político de Portugal e mostrar se o país seguirá a tendência de outras nações europeias em direção a governos de direita.