Brasil lidera ranking de religiosidade e audiência pública discute mudança na legislação trabalhista para contemplar liberdade de consciência.

A fé e a religiosidade são aspectos fundamentais na vida de quase nove em cada dez brasileiros, conforme apontado pela pesquisa Global Religion 2023, realizada pelo instituto Ipsos. Diante desse cenário, debates acalorados surgiram em uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) em que se discutiu a necessidade de alterações na legislação trabalhista para garantir a liberdade de consciência.

Um projeto de lei em tramitação na comissão, o PL 3.346/2019, propõe que os trabalhadores tenham a possibilidade de escolher seu dia de descanso semanal com base em motivos religiosos. Ou seja, o empregado poderá modificar o dia de folga padrão (domingo) para se adequar às suas práticas religiosas, como o sábado para os judeus ou adventistas do sétimo dia.

Durante a audiência, diversas vozes se manifestaram em apoio à proposta, ressaltando a importância de garantir na lei o direito à liberdade de consciência, já prevista na Constituição. O presidente da CDH, senador Paulo Paim, argumentou que a legislação deve assegurar o descanso nos dias de guarda religiosa, respeitando a diversidade de crenças e valores no país.

Representantes de diferentes entidades religiosas, como a Associação Nacional de Juristas Islâmicos e a Igreja Adventista do Sétimo Dia, enfatizaram a necessidade de segurança jurídica para os trabalhadores que desejam observar suas práticas religiosas no ambiente laboral. A presidente da Associação Nacional de Juristas Evangélicos, Edna V. Zilli, ressaltou a relevância da liberdade de consciência e expressão, e a necessidade de respeitar as convicções individuais.

Além disso, os participantes da audiência destacaram que a proposta não beneficia apenas os trabalhadores, mas também contribui para a melhoria da qualidade de vida, da produtividade e do ambiente de trabalho. A pluralidade de crenças no Brasil foi ressaltada como um aspecto positivo que deve ser preservado, desde que respeitados os limites éticos e morais de convivência.

Diante do expressivo número de templos religiosos no país, conforme dados do Censo 2022 do IBGE, a discussão sobre a liberdade religiosa e a inclusão de práticas religiosas no ambiente de trabalho se mostra cada vez mais relevante e necessária para garantir o respeito à diversidade e o exercício pleno da cidadania.

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