A exposição é dividida em três salas, cada uma dedicada a uma fase específica da carreira da artista. Na primeira sala estão expostas as pinturas em seixos de rio e outros trabalhos em papel. Já na segunda sala, é possível apreciar diferentes grupos de obras e famílias de bichos retratados por Maria Lira em suas peças. A terceira sala é destinada a contextualizar o trabalho da artista e sua ligação profunda com o Vale do Jequitinhonha, trazendo documentos, objetos, cantos e fotografias que demonstram a influência da região em sua produção artística.
Os curadores da exposição, Paulo Miyada e Sabrina Fontenele, destacam a importância do imaginário do semiárido mineiro nas obras de Maria Lira. Segundo Miyada, a artista desenvolve uma linguagem única ao pintar seres que habitam seu universo em pedras e papel. Os “bichos do sertão”, como são conhecidos os personagens retratados por Maria Lira, são marcados por tons terrosos e símbolos que representam elementos mais profundos e humanos.
Nascida em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, Maria Lira é ceramista, pintora e pesquisadora autodidata, tendo iniciado seu interesse pela arte ainda na infância. Ao lado de Frei Chico, missionário holandês, a artista documentou a cultura popular da região, gravando cantos e rezas tradicionais. A parceria resultou na criação de um museu dedicado à história e cultura popular do Vale do Jequitinhonha, em Araçuaí.
Após ser diagnosticada com tendinite, Maria Lira precisou trocar a produção de esculturas pela pintura, usando o barro em diversas tonalidades como pigmento para desenhar. Durante viagens com Frei Chico, a artista coletava terras coloridas para suas obras, encontrando inspiração nas diferentes tonalidades de Minas Gerais. Aos 79 anos, Maria Lira continua ativa e participativa, mantendo viva sua arte e seu legado no Vale do Jequitinhonha.