Exposição “Roda dos Bichos” de Maria Lira Marques estreia no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo, reunindo obras de toda sua carreira.

A renomada artista Maria Lira Marques, aos 79 anos, tem suas obras em exposição na mostra “Roda dos Bichos”, que abre suas portas neste sábado (2) no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. A exposição reúne trabalhos de toda a carreira da artista, incluindo pinturas e esculturas feitas com barro extraído das encostas de Minas Gerais, onde a artista nasceu. Utilizando pigmentos naturais em suas cerâmicas, Maria Lira cria um universo único e singular em suas obras.

A exposição é dividida em três salas, cada uma dedicada a uma fase específica da carreira da artista. Na primeira sala estão expostas as pinturas em seixos de rio e outros trabalhos em papel. Já na segunda sala, é possível apreciar diferentes grupos de obras e famílias de bichos retratados por Maria Lira em suas peças. A terceira sala é destinada a contextualizar o trabalho da artista e sua ligação profunda com o Vale do Jequitinhonha, trazendo documentos, objetos, cantos e fotografias que demonstram a influência da região em sua produção artística.

Os curadores da exposição, Paulo Miyada e Sabrina Fontenele, destacam a importância do imaginário do semiárido mineiro nas obras de Maria Lira. Segundo Miyada, a artista desenvolve uma linguagem única ao pintar seres que habitam seu universo em pedras e papel. Os “bichos do sertão”, como são conhecidos os personagens retratados por Maria Lira, são marcados por tons terrosos e símbolos que representam elementos mais profundos e humanos.

Nascida em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, Maria Lira é ceramista, pintora e pesquisadora autodidata, tendo iniciado seu interesse pela arte ainda na infância. Ao lado de Frei Chico, missionário holandês, a artista documentou a cultura popular da região, gravando cantos e rezas tradicionais. A parceria resultou na criação de um museu dedicado à história e cultura popular do Vale do Jequitinhonha, em Araçuaí.

Após ser diagnosticada com tendinite, Maria Lira precisou trocar a produção de esculturas pela pintura, usando o barro em diversas tonalidades como pigmento para desenhar. Durante viagens com Frei Chico, a artista coletava terras coloridas para suas obras, encontrando inspiração nas diferentes tonalidades de Minas Gerais. Aos 79 anos, Maria Lira continua ativa e participativa, mantendo viva sua arte e seu legado no Vale do Jequitinhonha.

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