Música, arte e alegria nos corredores do hospital São Marcos: como iniciativas lúdicas transformam a vida dos pacientes.

No coração do Recife, mais precisamente no hospital São Marcos, situado no bairro da Boa Vista, o som suave do violino ecoa pelos corredores duas vezes por semana. Mário Mendes, há mais de duas décadas, concilia seu tempo entre a Orquestra Sinfônica do Recife e suas apresentações nos hospitais da cidade.

Sem dúvida, a presença do músico traz leveza e alegria aos pacientes internados, sendo parte de um projeto voltado para incentivar iniciativas artísticas que proporcionam suporte lúdico aos enfermos hospitalizados. O jaleco de Mário traz a frase “música é vida”, com bordados coloridos de notas musicais, refletindo seu comprometimento e paixão pela arte de curar através dos sons.

Ao passar pelos corredores com seu violino, Mário inspira sorrisos e emoções nos pacientes, que se animam, fazem pedidos musicais, tiram fotos e recebem palavras de afeto do artista. Ele relata que, inicialmente, resistiu a tocar em hospitais e velórios, por considerar esses locais tristes. No entanto, com o tempo, percebeu que é exatamente nos momentos mais desafiadores que a música pode trazer alegria e esperança.

O trabalho de Mário integra um amplo leque de atividades artísticas que visam oferecer apoio emocional e promover alegria e esperança aos pacientes em longos períodos de internação. Diferente da arteterapia, que envolve profissionais especializados, o suporte lúdico busca criar laços e acolher os doentes de forma mais informal e humanizada.

Um dos casos marcantes é o de Amanda Acioli, que relembra com emoção o impacto que a música de Mário teve em sua infância, ao se ver internada e emocionada com sua apresentação no hospital. Anos depois, reencontrou o músico nos corredores do São Marcos, onde pôde agradecer pessoalmente por ter mudado sua perspectiva de vida naquele momento delicado.

Além da música, outra forma de trazer um alento à rotina dos pacientes é por meio do projeto Moinho, liderado por Patrícia Gomes Barbosa. Este projeto utiliza a arte da pintura, desenho e colagem para estimular a imaginação, coordenação motora e autoestima dos enfermos, como no caso da paciente Gabriele da Silva, que encontrou na pintura uma inspiração para seu futuro profissional e fortalecimento emocional.

Em um contexto tão sensível como a UTI, atividades como a arte-terapia, conduzida pela professora Suzana Gomes, são fundamentais para proporcionar momentos de descontração e alegria aos pacientes, como no caso de Ivanilson Batista dos Santos, que encontrou na pintura uma verdadeira forma de expressar seu amor à família e vivenciar momentos de alegria em meio ao tratamento.

Esses exemplos ressaltam a importância das atividades artísticas no ambiente hospitalar, que contribuem significativamente para o bem-estar emocional dos pacientes, fortalecendo-os no enfrentamento das adversidades da saúde. A presença amorosa dos Doutores da Alegria, especialistas na arte da palhaçaria, é outro destaque, proporcionando momentos de diversão e interação com as crianças internadas, demonstrando que a arte é uma poderosa ferramenta de humanização e cuidado nos hospitais.

Nesse sentido, a valorização do suporte artístico nos processos de cura torna-se essencial para promover o alívio emocional dos pacientes, tornando a hospitalização um momento mais humanizado e acolhedor. Afinal, como destaca a médica Tânia Maria Lago Falcão, é preciso enxergar o paciente não apenas como um doente, mas como uma pessoa em busca de momentos de alegria e conexão, essenciais para o processo terapêutico. Portanto, é fundamental reconhecer a importância da arte e da cultura como aliadas no cuidado e na promoção da saúde dos pacientes hospitalizados.

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