Cacique Merong Kamakã Mongoió, líder indígena, é assassinado em Brumadinho, MG, enquanto ampliava as lutas pelo território ancestral

Na manhã desta segunda-feira (4), o movimento indígena perdeu uma de suas vozes mais ativas com o assassinato do cacique Merong Kamakã Mongoió, pertencente ao povo pataxó hã-hã-hãe, em Brumadinho, Minas Gerais. Reconhecido como um dos articuladores do movimento, Merong tinha planos de ampliar as lutas em defesa dos povos indígenas, conforme relatou um membro da Comissão Pastoral da Terra que atua no estado.

O cacique liderava a Retomada Kamakã Mongóio no Vale do Córrego de Areias e era engajado não só na defesa de seu próprio povo, mas também de outros, como os kaingang, xokleng e guarani. Nascido em Contagem, Minas Gerais, Merong foi viver na Bahia ainda na infância. Sua atuação como liderança se estendia pelo Rio Grande do Sul, onde participou da Ocupação Lanceiros Negros, contribuindo com as retomadas xokleng konglui em São Francisco de Paula e guarani mbya em Maquiné.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) emitiu uma nota lamentando profundamente a perda e se solidarizando com a família e amigos de Merong. Os pataxó hã-hã-hãe possuem comunidades em diversas regiões da Bahia, como na Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu e na Terra Indígena Fazenda Baiana.

Esse trágico assassinato se soma a outras violências sofridas pelos indígenas recentemente, como o caso do cacique Lucas Kariri-Sapuyá no ano passado e o da líder Maria de Fátima Muniz de Andrade, conhecida como Nega Pataxó, em janeiro deste ano. Ambos foram vítimas de ataques violentos em defesa de seus territórios contra fazendeiros e posseiros.

A Estrada onde Merong foi emboscado já foi cenário de outros assassinatos de lideranças indígenas, evidenciando a tensão e o conflito enfrentados por essas comunidades em suas lutas pelo direito à terra. A Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria de Segurança de Minas Gerais em busca de mais informações sobre o caso, mas até o momento não obteve resposta.

O legado de Merong Kamakã Mongoió e a luta dos povos indígenas por seus territórios e direitos continuam sendo marcados por desafios e violências que colocam em xeque a própria sobrevivência dessas comunidades no Brasil.

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