ABL lança versão digital de Machado de Assis para interagir com público durante visitas guiadas, levantando debates sobre identidade étnica.

A Academia Brasileira de Letras (ABL) inovou ao lançar uma versão digital de Machado de Assis, que utiliza inteligência artificial para interagir e responder perguntas. O avatar do escritor estará disponível para recepcionar o público durante visitas guiadas ao prédio da instituição, em uma iniciativa que visa modernizar a academia e atrair um público mais jovem para a leitura.

Desenvolvido em parceria com a empresa Euvatar Storyliving, o avatar levou mais de três meses para ser construído e utiliza um banco de dados alimentado pelas obras literárias do escritor e estudos feitos dentro da ABL. Com a capacidade de aprender novos parâmetros e se retroalimentar, o avatar busca incorporar o estilo literário, a personalidade e os traços físicos de Machado de Assis.

Entretanto, o aspecto étnico-racial do avatar gera debate, uma vez que Machado de Assis era neto de africanos alforriados e, segundo alguns pesquisadores, poderia ter uma pele mais escura do que a representação digital apresenta. Flavia Peres, fundadora da Euvatar, defende que a representação do avatar é fiel à imagem aceita pela ABL, destacando a importância de Machado de Assis como um símbolo da diversidade cultural brasileira.

Além disso, o avatar de Machado de Assis aborda questões polêmicas, como a falta de abordagem adequada da escravidão em sua obra e a dúvida deixada por “Dom Casmurro” sobre a fidelidade de Capitu. O avatar reconhece essas lacunas e convida o público a refletir sobre a complexidade das relações humanas e das questões sociais presentes na obra do escritor.

Os visitantes da ABL terão a oportunidade de interagir com o avatar de Machado de Assis e fazer perguntas sobre sua vida e obra. No entanto, o avatar não irá abordar questões políticas ou pessoais atuais, mantendo o foco nas reflexões e ideias que continuam a ressoar e impactar as pessoas nos dias de hoje. A iniciativa representa um avanço na utilização da tecnologia para manter viva a memória e o legado de um dos maiores escritores brasileiros.

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