9,8 milhões de jovens brasileiros não concluíram a educação básica e estão fora da escola, aponta pesquisa Juventudes Fora da Escola

No Brasil, quase 10 milhões de jovens, com idades entre 15 e 29 anos, estão fora da escola e sem concluir a educação básica, de acordo com os dados da pesquisa Juventudes Fora da Escola, realizada pelo Itaú Educação e Trabalho em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Esse número representa quase 20% da população nessa faixa etária, o que é alarmante e levanta questões sobre a acessibilidade e qualidade do sistema educacional brasileiro.

Os números revelam que a maioria desses jovens vem de famílias com renda per capita de até um salário-mínimo, evidenciando as desigualdades sociais que impactam diretamente na educação. Além disso, sete em cada dez desses jovens são negros, o que coloca em pauta a questão da equidade racial no acesso à educação. O perfil educacional desses jovens também chama a atenção: 43% não concluíram o Ensino Fundamental, 22% completaram o Fundamental mas não iniciaram o Médio e 35% têm o Ensino Médio incompleto.

A pesquisa aponta que a maioria desses jovens está fora da escola há mais de dois anos, com uma média de seis anos afastados do ambiente educacional. A relação entre a situação de estar fora da escola e a necessidade de trabalhar é destacada como um dos principais motivos para a interrupção dos estudos. A informalidade no mercado de trabalho também é um fator preocupante, com 67% dos jovens ocupados atuando nesse regime.

As perspectivas para o futuro desses jovens são marcadas pela busca por qualificação e melhores oportunidades de trabalho. A pesquisa revela que 73% deles têm a intenção de concluir a educação básica, buscando melhorias em suas condições profissionais e perspectivas de carreira. No entanto, questões como a necessidade de trabalhar e cuidar da família são apontadas como empecilhos para o retorno aos estudos. A importância da educação profissionalizante e tecnológica também é ressaltada como um caminho para a inserção no mercado de trabalho.

O governo federal instituiu o programa Pé-de-Meia em 2024, com o objetivo de promover a permanência e conclusão escolar de jovens matriculados no ensino médio público. A iniciativa busca democratizar o acesso à educação e reduzir as desigualdades sociais, incentivando a educação como ferramenta de inclusão e mobilidade social.

Diante desse cenário, garantir o acesso à educação de qualidade e promover políticas públicas de inclusão tornam-se desafios urgentes a serem enfrentados para mudar a realidade desses milhões de jovens brasileiros que estão fora da escola e em busca de oportunidades para construir um futuro melhor.