Desmatamento no Cerrado atinge níveis alarmantes, com aumento de 19% em alertas no último mês de fevereiro.

O Cerrado, considerado a fonte de 40% da água doce do país, apresentou um aumento de 19% nos alertas de desmatamento no último mês em comparação com fevereiro de 2023. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma perdeu 3.798 km² de vegetação nativa desde agosto de 2023 até fevereiro deste ano.

Por outro lado, a Amazônia teve uma queda de 30% nos alertas de desmatamento em relação ao ano anterior, o que aponta para uma mudança significativa nos padrões de desmatamento entre os biomas brasileiros.

Um dos principais fatores que contribuem para o desmatamento no Cerrado é a concessão de autorizações por governos estaduais e prefeituras, conforme previsto no Código Florestal. Enquanto na Amazônia a legislação determina a preservação de 80% da vegetação nativa, no Cerrado esse percentual é de apenas 20%, apesar da grande biodiversidade do bioma.

O avanço do agronegócio é apontado como a principal causa do desmatamento no Cerrado. Um estudo realizado pelo Instituto Cerrados revelou que o cultivo de soja, milho, algodão e a pecuária têm impactado negativamente o ciclo hidrológico do bioma, com previsões alarmantes de perda de fluxos dos rios se o ritmo de exploração se mantiver.

Além disso, a destruição da vegetação nativa no Cerrado tem afetado a produtividade agrícola do país, levando a um aumento significativo nos pedidos de recuperação judicial por parte dos produtores rurais. A conservação e a recuperação das áreas desmatadas são apontadas como ações urgentes para garantir a sustentabilidade do setor agropecuário.

Os povos indígenas também são impactados pelo desmatamento no Cerrado, visto que o bioma abriga importantes territórios demarcados. Tais territórios desempenham um papel crucial na recuperação de áreas degradadas, tornando ainda mais preocupantes os índices de desmatamento no Matopiba, região composta pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

No acumulado do ano, o Maranhão e o Tocantins apresentam os piores resultados em termos de desmatamento, com aumentos significativos em relação aos anos anteriores. Enquanto isso, a Amazônia registrou queda nos alertas de desmatamento, o que evidencia a necessidade de medidas urgentes para proteger o Cerrado e garantir sua preservação para as futuras gerações.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo