Enquanto isso, a Amazônia apresentou uma redução de 30% nos alertas de desmatamento em relação ao ano passado. Uma das causas apontadas pelo WWF Brasil para esse cenário alarmante no Cerrado é o alto número de autorizações de desmatamento concedidas pelos governos estaduais e prefeituras, amparadas pelo Código Florestal.
O Cerrado, apesar de ser um dos biomas mais biodiversos do planeta, com 5% de todas as espécies concentradas, enfrenta o avanço da agropecuária como principal fator de desmatamento. Estudos apontam que a expansão das atividades agrícolas como o cultivo de soja, milho, algodão e a pecuária têm impactado negativamente o ciclo hidrológico do bioma.
Dados indicam que alterações no uso do solo levam à redução da água em 56% dos casos, enquanto em 44% das situações, as mudanças climáticas são os principais responsáveis. Caso o ritmo de exploração agropecuária se mantenha, o Cerrado pode perder quase 34% dos fluxos dos rios até 2050, de acordo com projeções de pesquisadores.
Além disso, a perda de vegetação nativa já causou uma queda média de 12% na produtividade de grãos no país, impactando diretamente o setor agropecuário. A especialista Ana Crisostomo, do WWF-Brasil, ressalta a necessidade de implementar ações prioritárias para preservar e recuperar áreas desmatadas no Cerrado.
A preocupação com o avanço do desmatamento no bioma também se estende aos povos indígenas, que desempenham um papel fundamental na recuperação de áreas degradadas. O Cerrado, principalmente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), apresenta números alarmantes de alertas de desmatamento, com crescimento expressivo em estados como Maranhão e Tocantins. A situação coloca em risco não apenas a biodiversidade, mas também a disponibilidade de recursos hídricos essenciais para o país.