Rick Doblin prevê um futuro sem trauma até 2070 com uso terapêutico de psicodélicos, como o MDMA, nos EUA.

Há 38 anos, Rick Doblin fundou a Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos, uma organização que está prestes a alcançar um marco histórico nos Estados Unidos: a aprovação do primeiro tratamento assistido com MDMA no país. Para Doblin, a psicodelia não é apenas uma forma de tratar traumas individuais, mas também uma saída para tratar traumas coletivos.

Durante sua participação no South By Southwest, o maior festival de inovação do mundo, Rick Doblin apresentou a ideia provocativa de criar um “mundo sem trauma” até 2070. Embora essa previsão seja ambiciosa, ela não implica o fim de eventos perturbadores no mundo, mas sim a mitigação dos efeitos desses traumas em indivíduos e na sociedade como um todo.

A abordagem terapêutica com o MDMA, segundo Doblin, tem o potencial de reduzir o medo associado às memórias traumáticas e ajudar as pessoas a processarem esse medo de forma mais produtiva. Ele introduziu o conceito de “Net Zero Trauma”, inspirado nas metas climáticas do “Net Zero”, que propõem um equilíbrio entre a emissão e remoção de poluentes.

A MAPS, fundada por Doblin em 1986, vem trabalhando incansavelmente para estudar os benefícios terapêuticos dos psicodélicos, apesar da repressão governamental às substâncias como MDMA e LSD nos EUA. A organização submeteu recentemente ao FDA os resultados de um estudo clínico de fase 3 com o MDMA no tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático, e a expectativa é que a terapia seja aprovada até agosto deste ano.

Essa aprovação representaria um marco significativo para a medicina psicodélica nos EUA, sendo o passo mais importante dado pelo FDA desde a aprovação do uso da cetamina para o tratamento da depressão. Além disso, outros países, como a Austrália, já abriram caminho para o uso terapêutico de psicodélicos.

Os estudos realizados até o momento indicam que o tratamento com MDMA pode ser eficaz na redução dos sintomas do TEPT, com resultados positivos em grupos de controle. Além disso, iniciativas em países como os Estados Unidos, Ucrânia e Israel têm explorado o uso terapêutico de psicodélicos em populações afetadas por traumas coletivos.

Diante desse cenário de avanços e descobertas na área da medicina psicodélica, a expectativa é que terapias inovadoras como a proposta por Rick Doblin possam revolucionar a forma como lidamos com traumas individual e coletivamente, abrindo caminho para um mundo com menos sofrimento e mais cura.

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