Cemitérios clandestinos na Baixada Fluminense: o desafio das denúncias de desaparecimento forçado e a luta por tipificação no Brasil.

Uma denúncia anônima feita para a central do Disque-Denúncia RJ revelou a existência de um cemitério clandestino na Baixada Fluminense. Segundo o relato, corpos são enterrados e carbonizados em um local no alto de uma mata, após uma trilha de dez minutos. O comunicante destacou a presença de corpos em decomposição e arcadas dentárias espalhadas pelo chão, indicando uma prática sombria de homicídios.

A denúncia levanta um problema recorrente na região, onde crimes de homicídio são muitas vezes encobertos por meio da ocultação dos cadáveres, configurando um cenário de desaparecimento forçado. Especialistas em segurança pública explicam que as vítimas desse tipo de desaparecimento são frequentemente sequestradas, torturadas e mortas, com seus corpos sendo destruídos ou ocultados.

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No entanto, o desaparecimento forçado não é um crime tipificado no Brasil, o que gera uma lacuna nas estatísticas e dificulta o combate a essa prática. Pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro realizaram um estudo para investigar esses desaparecimentos na Baixada Fluminense, analisando dados do Disque-Denúncia, redes sociais e registros de homicídios e desaparecimentos.

Os resultados indicaram uma possível relação entre os altos índices de homicídios e desaparecimentos na região, com destaque para municípios como Queimados e Nova Iguaçu. Além disso, foi observado que a atuação de facções criminosas e a letalidade policial têm impacto direto nos desaparecimentos forçados.

Os pesquisadores ressaltam a importância da tipificação do crime de desaparecimento forçado no país, como forma de monitorar e combater essa prática, evitando distorções nas estatísticas de segurança pública. A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou possuir unidades especializadas na investigação de desaparecimentos, ressaltando que muitas ocorrências estão relacionadas a questões como saúde mental e problemas familiares.

Diante desse cenário preocupante, a luta por políticas públicas de proteção para os moradores da periferia se torna urgente, destacando a necessidade de legislação específica e ações efetivas para coibir os desaparecimentos forçados na Baixada Fluminense e em todo o país.

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