Família de Claudia Silva Ferreira indignada com a absolvição de PMs envolvidos em sua morte após ser arrastada por viatura em 2014

No último sábado (16), familiares de Claudia Silva Ferreira, uma auxiliar de serviços gerais que foi arrastada por uma viatura da Polícia Militar do Rio de Janeiro em 2014, ficaram indignados com a absolvição dos seis policiais militares envolvidos na morte dela. O caso completou dez anos e os parentes de Claudia demonstraram sua revolta com a decisão da Justiça.

Thais Ferreira da Silva, uma das filhas de Claudia, expressou sua frustração com a absolvição dos policiais: “Eu fiquei sem palavras, sem reação. Difícil, né? Foi injusto desde o começo. Só repercutiu por causa de uma falha deles, o fato de o corpo dela ter sido arrastado. Se não fosse isso, não iria dar em nada. Só deu por causa da gravação”. Essa gravação ficou famosa por mostrar o corpo de Claudia sendo arrastado por cerca de 300 metros por uma viatura da Polícia Militar durante uma tentativa de socorro no Morro da Congonha, em Madureira, zona norte do Rio de Janeiro.

Júlio Cesar da Silva, irmão de Claudia, declarou que já esperava por esse desfecho e criticou a demora da Justiça em resolver o caso: “O tempo que levou isso, dez anos. Os caras já foram promovidos, já foram mudados de batalhão. Não faço nem questão de brigar por nada porque não vai trazer [Claudia] de volta. A gente sabe como é nossa Justiça, quem tem dinheiro tem poder, quem não tem não tem nada”.

A decisão de absolver os PMs foi proferida pelo juiz do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Alexandre Abrahão Dias Teixeira, no último dia 22 de fevereiro. Os policiais Rodrigo Medeiros Boaventura e Zaqueu de Jesus Pereira Bueno foram acusados de homicídio por terem atirado em direção à vítima, mas o juiz considerou que não havia indícios suficientes sobre a autoria dos disparos que atingiram Claudia. Além disso, outros policiais foram acusados de fraude processual por terem removido o corpo da vítima do local do crime.

A absolvição dos policiais também gerou protestos e indignação por parte de ativistas e organizações civis. Lucia Xavier, diretora executiva da organização Criola, expressou sua revolta: “Estou chocada. Nenhuma responsabilidade [foi] atribuída aos policiais que mataram e arrastaram o corpo de uma mulher negra, mãe e trabalhadora”. A Anistia Internacional no Brasil também repudiou a decisão do juiz e destacou a desumanização da vítima e das pessoas negras nesse caso.

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