Veneno de cascavel pode modular sistema imunológico contra câncer, indica estudo do Instituto Butantan e Universidades de São Paulo.

Um novo estudo realizado pelo Instituto Butantan, em colaboração com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), identificou um potencial promissor na crotoxina, uma das toxinas presentes no veneno da cascavel Crotalus durissus terrificus. Segundo os pesquisadores, a crotoxina possui um efeito modulador sobre o sistema imunológico na presença do câncer, abrindo caminho para possíveis imunoterapias no futuro.

De acordo com Camila Lima Neves, responsável pelo estudo, a administração de uma pequena e única dose da crotoxina em camundongos portadores de câncer resultou em uma prevalência de macrófagos que produzem substâncias essenciais para destruir as células cancerígenas, como o óxido nítrico. Dessa forma, os pesquisadores acreditam que essa “reeducação” dos macrófagos pela toxina pode ser crucial para adquirir uma resposta imune antitumoral eficaz e duradoura, reforçando a importância da imunoterapia como tratamento para o câncer.

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Durante o estudo, os camundongos que receberam a crotoxina apresentaram uma prevalência de macrófagos pró-inflamatórios M1, que são mais adequados para inibir o desenvolvimento de tumores, enquanto os macrófagos favoráveis ao tumor, M2, estavam reduzidos. A pesquisadora Sandra Coccuzzo Sampaio ressalta a importância de encontrar uma combinação estrutural da crotoxina que seja menos tóxica e mais eficaz em seu efeito imunomodulador e antitumoral.

Além disso, o estudo mostrou que a administração da crotoxina levou à redução significativa do volume do tumor nos camundongos portadores de câncer, com destaque para a menor dose da toxina, que foi capaz de reduzir o volume do tumor em 27%. A pesquisa também observou um aumento na produção de óxido nítrico, um radical livre importante na defesa contra tumores, nos animais tratados com a menor dose da toxina.

Esses resultados iniciais são promissores e abrem caminho para futuras pesquisas sobre o uso da crotoxina como uma possível terapia imunológica no combate ao câncer. O estudo, financiado pela FAPESP, demonstra um novo horizonte no campo da imunoterapia e na busca por tratamentos mais eficazes contra o câncer.

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