Operações da Polícia Militar na Baixada Santista aumentam criminalidade e violações de direitos, aponta Instituto Sou da Paz

No ano passado, a Polícia Militar realizou operações na Baixada Santista que não resultaram em avanços significativos na redução da criminalidade violenta, de acordo com o Instituto Sou da Paz. A análise dos dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo revelou que as operações foram ineficazes, colocaram em risco a vida dos policiais e desrespeitaram os direitos das populações periféricas da região.

Durante os meses de agosto e setembro de 2023, as operações na Baixada Santista foram marcadas por baixa eficiência, alta letalidade policial e crescimento de infrações relacionadas ao crime organizado, como roubo de cargas. O policiamento nas ruas também se mostrou incapaz de evitar crimes como furtos, roubos e agressões.

A Operação Escudo, desencadeada após a morte do policial Patrick Bastos Reis, resultou na morte de 28 pessoas em um período de 40 dias. Uma segunda fase da operação em São Vicente levou a mais oito mortes. Os dados revelaram um aumento de 71% nas tentativas de homicídio e de 177% nos roubos de carga durante a operação.

O Instituto Sou da Paz destaca que, apesar da justificativa de combate ao crime organizado, as operações não foram eficazes na desestruturação das organizações criminosas nem na redução dos índices criminais na região. As ações policiais resultaram em um aumento de vários crimes violentos, ao invés de garantir a segurança da população.

Além disso, a escalada da letalidade policial levou ao governador Tarcísio de Freitas a ser denunciado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. A situação na Baixada Santista foi classificada como resultado de uma ação deliberada do governador, que tem investido na violência policial contra pessoas negras e pobres.

A Secretaria da Segurança Pública afirmou que as operações resultaram na prisão de lideranças do tráfico de drogas na região, com mais de 2 mil prisões realizadas e a apreensão de armas de fogo ilegais e drogas. A SSP alega que a estratégia de combate à criminalidade, aliada ao trabalho de investigação e policiamento preventivo, tem gerado impactos positivos a longo prazo na região.

No entanto, o Instituto Sou da Paz continua monitorando a situação na Baixada Santista e alertando sobre a necessidade de medidas mais eficazes no combate à criminalidade e na proteção dos direitos das comunidades periféricas.

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