Desigualdade racial persiste na educação brasileira com menor acesso ao ensino superior e mais anos de estudo para negros.

A desigualdade racial persiste no cenário educacional do Brasil, conforme dados divulgados em uma publicação especial sobre educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Os números revelam que os negros brasileiros enfrentam maiores dificuldades no acesso à educação, com menos anos de estudo, maiores taxas de analfabetismo e menor presença no ensino superior.

Um dos indicadores que destacam a discrepância entre brancos e negros é a média de anos de estudo. Enquanto os brancos alcançavam em média 10,8 anos em 2023, os negros tinham apenas 9,2 anos, uma diferença de 1,6 ano. Mesmo com uma diminuição nessa desigualdade desde 2016, quando a lacuna era de 2 anos, a disparidade persiste.

A questão da desigualdade racial se torna mais evidente no ensino médio. Enquanto os negros apresentam um percentual superior no ciclo escolar adequado ao ensino fundamental (94,7% contra 94,5% dos brancos), essa situação se inverte no nível médio. Apenas 71,5% dos negros de 15 a 17 anos estavam estudando ou concluíram o ensino médio, comparado a 80,5% dos brancos.

O acesso ao ensino superior também reflete a disparidade, com 19,3% dos negros de 18 a 24 anos cursando uma graduação ou já tendo concluído, em comparação com 36% dos brancos. Além disso, a taxa de abandono escolar é mais alta entre os negros, com 70,6% deixando os estudos sem concluir o ensino superior, enquanto para os brancos esse índice é de 57%.

Outro aspecto preocupante é a taxa de analfabetismo, que atinge com mais intensidade a população negra. Em 2023, a taxa de analfabetismo entre os negros era de 7,1%, mais que o dobro da observada entre os brancos (3,2%). Essa disparidade é ainda mais marcante entre as pessoas com mais de 60 anos, com 22,7% de analfabetos negros e 8,6% de analfabetos brancos.

A persistência dessas desigualdades evidencia a urgência de políticas públicas e iniciativas que promovam a equidade racial no sistema educacional do Brasil, garantindo oportunidades iguais para todos os cidadãos, independentemente de sua cor de pele.

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