Os pesquisadores apontam que as mudanças anatômicas e fisiológicas pelas quais as gestantes passam durante a gravidez as tornam mais vulneráveis à dengue. As alterações cardiovasculares dificultam o diagnóstico correto da doença e podem atrapalhar a avaliação de sua gravidade.
A análise dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, entre os anos de 2016 e 2019 revelou que das 27.695 mulheres entre 10 e 49 anos com casos confirmados de dengue, 949 estavam grávidas. A conclusão do estudo, publicado no periódico científico BMC Infectious Diseases, foi de que o risco de hospitalização e de dengue grave era significativamente maior nas gestantes, independente da idade da mulher.
De acordo com a médica Denise Siqueira de Carvalho, co-orientadora da pesquisa e docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFPR, é necessário realizar mais estudos para compreender quais fatores influenciam na gravidade da doença em gestantes. Além disso, a especialista ressalta a importância de conscientizar a população, principalmente as mulheres em idade reprodutiva, sobre a prevenção da dengue.
A preocupação com a dengue é ainda mais relevante neste ano, já que o Brasil registrou um número recorde de casos da doença. Especialistas apontam que fatores como a introdução de novos sorotipos do vírus, as mudanças climáticas e a redução das medidas de combate ao mosquito transmissor contribuíram para o aumento exponencial de casos em 2024.
Diante desse cenário, medidas de prevenção, como o uso de repelentes adequados para gestantes e telas nas residências para evitar a entrada do mosquito transmissor, são essenciais para evitar a propagação da dengue e proteger a saúde das gestantes e da população em geral.