Cidadãos legais uruguaios enfrentam limbo por falta de reconhecimento da nacionalidade em título jornalístico.

Gulnor Saratbekova é uma mulher de 43 anos que vive no Uruguai há mais da metade de sua vida. Nascida no Tajiquistão, ela chegou ao país aos 19 anos e adquiriu a cidadania legal uruguaia. No entanto, apesar de ser considerada legalmente cidadã, ainda é tratada como uma estrangeira, o que resulta em diversos problemas e a faz se sentir uma uruguaia de segunda classe, conforme relatado à AFP.

A legislação uruguaia estabelece uma distinção entre cidadania “natural” e “legal”, sendo a primeira reservada aos nascidos no país e seus descendentes e a segunda concedida aos estrangeiros. No entanto, a interpretação atual da lei impede que os estrangeiros com cidadania legal obtenham a nacionalidade uruguaia. Isso resulta em mais de 30 mil pessoas no Uruguai vivendo em um limbo de “cidadania incompleta”, de acordo com a associação civil Somos Todos Uruguayos, que denunciou a situação perante a CIDH.

Para Gulnor Saratbekova, a situação é ainda mais delicada, pois ao aceitar a cidadania uruguaia, ela teve que renunciar à sua cidadania no Tajiquistão, tornando-se apátrida. Ela afirma que as autoridades uruguaias não compreendem o que é viver nesse constante limbo e teme ser deportada para seu país de origem, onde pertence a uma minoria étnica perseguida.

O Uruguai é um dos poucos países que não concedem a nacionalidade aos estrangeiros que preenchem os requisitos para a cidadania, o que levou a críticas e denúncias perante a CIDH. Representantes do Estado uruguaio se comprometeram a buscar soluções para o problema dos passaportes, que tem causado problemas de identificação e deportação a cidadãos legais uruguaios.

A questão da cidadania no Uruguai afeta não apenas Gulnor Saratbekova, mas também outros estrangeiros que vivem no país e enfrentam dificuldades similares. A luta pela igualdade de direitos e reconhecimento como cidadãos plenos continua, com projetos de lei em discussão para tentar resolver a situação. Enquanto isso, Saratbekova e outros estrangeiros permanecem em um limbo legal que limita seus direitos e sua identidade no país que escolheram chamar de lar.

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