O cirurgião Daniel Borja-Cacho descreve essa situação como algo saído de um filme de ficção científica. De fato, avanços na área de transplantes estão permitindo experimentações com órgãos de animais geneticamente modificados, abrindo portas para um futuro onde esses órgãos poderão ser utilizados em transplantes.
A técnica de perfusão, que consiste em manter os órgãos fora do corpo humano em um estado de funcionamento preservado, está revolucionando o processo de transplante. Isso tem permitido aos médicos armazenar temporariamente os órgãos, ampliando a janela de oportunidade para o transplante e possibilitando a utilização de órgãos de doadores que antes seriam descartados.
No Hospital Memorial Northwestern, por exemplo, houve um aumento de 30% no volume de transplantes de fígado desde a adoção da perfusão. A nível nacional, o número de transplantes de pulmão, fígado e coração também aumentou significativamente.
Essa tecnologia permite aos cirurgiões utilizar órgãos de doadores mais velhos ou doentes, que anteriormente seriam recusados. Além disso, agiliza os procedimentos cirúrgicos e abre novas possibilidades para a doação de órgãos por pacientes em coma.
Apesar dos benefícios, o custo da perfusão ainda é um obstáculo para a sua adoção em larga escala. Empresas fabricantes de dispositivos têm aumentado os preços, o que tem gerado críticas e debates sobre a acessibilidade dessa tecnologia.
No entanto, os cirurgiões que utilizam a perfusão ressaltam que essa técnica pode resultar em economia a longo prazo, uma vez que os pacientes que recebem órgãos perfundidos têm melhor recuperação e menores complicações pós-operatórias. A perfusão está apenas no início de sua jornada, e os especialistas acreditam que ainda há muito a ser explorado nesse campo promissor.