Estudo aponta impacto da poeira de Brumadinho na saúde das crianças: 75% mais alergias respiratórias em áreas atingidas pela tragédia.

No dia 25 de janeiro de 2019, a cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, foi palco de uma tragédia que marcou para sempre a vida de seus habitantes. O rompimento de uma barragem da mineradora Vale resultou em uma avalanche de rejeitos que causou grandes impactos na região, com a perda de 272 vidas, incluindo dois bebês de mulheres grávidas na época do desastre.

Dois anos após a tragédia, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) trouxe à tona novas informações alarmantes. A poeira presente nas áreas impactadas pelo rompimento da barragem da Vale está afetando a saúde das crianças da região. Segundo as conclusões do estudo, crianças expostas à poeira decorrente da tragédia têm três vezes mais chances de desenvolver alergias respiratórias em comparação com aquelas que não foram afetadas.

Os resultados constam de um artigo recentemente publicado nos Cadernos de Saúde Pública, revista científica da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. De acordo com o estudo, as crianças com idade acima de 4 anos foram as mais afetadas, apresentando problemas de saúde relacionados a alergias respiratórias e comprometimento das vias aéreas superiores e inferiores. A exposição à poeira, proveniente dos rejeitos da barragem, foi apontada como a principal causadora desses problemas de saúde.

Além das questões de saúde, a população de Brumadinho também enfrenta desafios socioeconômicos após a tragédia. Um acordo de reparação foi firmado entre a Vale, o governo estadual, o Ministério Público de Minas Gerais, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública do estado, no valor de R$ 37,68 bilhões, para medidas de compensação e recuperação socioambiental.

Diante dos novos resultados obtidos pelo Projeto Bruminha, os pesquisadores da UFRJ e da Fiocruz ressaltam a importância de ações de assistência desenvolvidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir o bem-estar das crianças afetadas pela tragédia. A pesquisa foi realizada em três comunidades impactadas e trouxe à tona a realidade das famílias que lutam para superar os desafios provocados pelo desastre ambiental.

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