Repórter Recife – PE – Brasil

MPF recorre contra concessão de habeas corpus a ex-presidente da Vale no caso do rompimento da barragem de Brumadinho

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com um recurso contra a decisão que concedeu o habeas corpus excluindo o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, da ação penal relacionada ao rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais. Essa tragédia, que ocorreu em janeiro de 2019, resultou na morte de 272 pessoas, incluindo dois bebês ainda no ventre de suas mães. Além das vidas perdidas, a ruptura da barragem causou grandes impactos ambientais em diversos municípios da região.

No processo criminal, 16 pessoas foram acusadas de homicídio doloso qualificado e outros crimes ambientais. Entre os réus estão 11 pessoas ligadas à Vale e 5 vinculadas à empresa alemã Tüv Süd, responsável por laudos de estabilidade da barragem. Schvartsman era um dos réus, mas o habeas corpus foi concedido devido à alegação de falta de justa causa para a acusação.

A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) acatou os argumentos que indicavam a ausência de indícios de autoria do ex-presidente da Vale no caso. No entanto, o MPF sustenta que há provas suficientes de que Schvartsman tinha conhecimento do risco de rompimento da barragem e não tomou as medidas necessárias para evitar a tragédia.

O MPF apresentou embargos de declaração com o objetivo de esclarecer a decisão do TRF-6 e garantir coerência nas decisões judiciais. Além disso, o MPF busca admitir efeitos infringentes, que poderiam alterar o teor da decisão e permitir o prosseguimento do processo para análise do mérito.

A Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum) também se posicionou contra a concessão do habeas corpus, argumentando que o trancamento de uma ação penal deveria ocorrer apenas em casos excepcionais. A entidade espera que Schvartsman prove sua inocência durante o julgamento.

O desdobramento desse recurso ainda gera polêmicas e protestos, com entidades e familiares das vítimas criticando a decisão e pedindo por justiça. A falta de clareza nas decisões judiciais e os desdobramentos desse caso continuam sendo acompanhados de perto pela sociedade.

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