Proibição de álcool líquido em supermercados gera controvérsias e divide opiniões de especialistas e consumidores

A vida de Pedro Ernesto Martinez mudou drasticamente no dia 2 de fevereiro de 2014, quando teve seu corpo queimado por álcool durante um churrasco em família. Após acordar de uma cirurgia de raspagem de pele, aos 17 anos, ele foi surpreendido por uma frase reconfortante de outra vítima de queimaduras: “Fica calmo que vamos sair dessa e tudo vai passar”. Essa frase, mesmo vinda de alguém em uma situação mais grave, marcou para sempre o jovem Pedro.

Os acidentes com queimaduras por álcool são muito comuns no Brasil, levando a milhares de internações anualmente. Diante desse cenário alarmante, o Poder Público tomou a decisão de proibir a venda de álcool líquido com percentual igual ou superior a 54 GL em estabelecimentos comerciais em 2002. No entanto, essa medida foi temporariamente revogada em 2020, durante a pandemia de covid-19, em virtude da necessidade de utilizar álcool para higienização.

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária estabeleceu o prazo limite de 29 de abril para a comercialização de álcool líquido, que passará a ser disponibilizado somente em outras formas físicas, como gel, lenço impregnado e aerossol. Essa mudança busca reduzir os acidentes graves causados pelo uso inadequado do álcool em churrasqueiras e fogueiras, que são responsáveis por uma alta incidência de queimaduras em todo o país.

No entanto, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) critica a retirada do álcool líquido das prateleiras e solicita uma revisão da medida, argumentando que o produto é fundamental para a higienização e prevenção de doenças. Por outro lado, Pedro Ernesto Martinez, após passar por um longo período de tratamento doloroso e caro, expressa sua total concordância com a proibição da venda do álcool líquido, pois reconhece o quanto esse produto pode ser perigoso e causar danos irreparáveis.

Atualmente, Pedro trabalha como bartender em um restaurante em Porto Alegre e é um exemplo de superação. Ele afirma que a experiência traumática lhe proporcionou aprendizados valiosos sobre a vida e a felicidade, além de fortalecer os laços com sua família, inclusive com o tio que causou o acidente. Para Pedro, o acidente foi um ponto de partida para uma nova visão de mundo e para uma maior resiliência diante dos desafios que a vida oferece.

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