Presidente de Ruanda afirma que a comunidade internacional “nos abandonou” durante o genocídio, que completa 30 anos

Trinta anos após o genocídio que deixou 800 mil mortos em Ruanda, o presidente Paul Kagame faz duras críticas à comunidade internacional, acusando-a de abandono durante o massacre perpetrado por extremistas hutus contra os tutsis. Em uma cerimônia realizada no Memorial Gisozi, Kagame liderou a lembrança das vítimas e acendeu uma chama em homenagem aos mortos, relembrando o início dos 100 dias de horror em que milhares foram massacrados.

Kagame, fundador da Frente Patriótica Ruandesa (RPF), que assumiu o poder e pôs fim ao genocídio em 1994, enfatizou a falta de ação e coragem da comunidade internacional diante da tragédia. Líderes e dignitários estrangeiros, como o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, participaram da cerimônia, reconhecendo os erros de suas gestões durante o genocídio.

A França, historicamente criticada por sua proximidade com o regime hutu na época dos massacres, enviou representantes ao evento. O presidente da Comissão da União Africana também pediu desculpas pela inação da organização frente ao genocídio, destacando a necessidade de assumir responsabilidades.

Após décadas de tensões, Ruanda busca a reconciliação, através de tribunais comunitários e programas de justiça para responsabilizar os envolvidos no genocídio. Organizações de direitos humanos pedem rapidez nos julgamentos dos culpados. Ainda hoje, centenas de suspeitos permanecem em liberdade, fugindo da Justiça em países vizinhos.

Ruanda continua a desenterrar valas comuns, mantendo viva a memória das vítimas do genocídio. O país, que já teve suas relações diplomáticas rompidas com a França, busca reconstruir laços, enquanto a comunidade internacional reflete sobre sua responsabilidade histórica e as lições que o genocídio de Ruanda nos ensina.

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