Crescimento alarmante de grupos neonazistas no Brasil preocupa Conselho Nacional de Direitos Humanos e é tema de relatório apresentado à ONU.

O Brasil tem enfrentado um aumento preocupante no número de grupos neonazistas nos últimos anos, de acordo com um relatório preliminar apresentado pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) à Organização das Nações Unidas (ONU). O documento, entregue no último sábado (6), aponta que as células desses grupos tiveram um crescimento de 270,6% entre janeiro de 2019 e maio de 2021, com mais de 530 núcleos extremistas no país.

A disseminação de discursos de ódio e narrativas extremistas tem impulsionado esse aumento, com participantes compartilhando ódio contra feministas, judeus, negros e a população LGBTQIAP+. A antropóloga Adriana Dias, falecida no ano passado, realizou uma pesquisa relevante nesse sentido, evidenciando a expansão dos grupos neonazistas por todas as regiões do Brasil.

Além disso, outro levantamento da agência Fiquem Sabendo apontou que, de janeiro de 2019 a novembro de 2020, foram abertos 159 inquéritos pela Polícia Federal por apologia ao nazismo, superando o total de investigações abertas nos 15 anos anteriores. O cenário se torna ainda mais alarmante com a recepção e processamento de 14.476 denúncias anônimas pela Central Nacional de Crimes Cibernéticos em 2021.

O CNDH, criado pela Lei Federal 12.986/2014, atua na promoção e defesa dos direitos humanos no Brasil. Com 22 conselheiros, metade representando a sociedade civil e metade o poder público, o conselho trabalha de forma autônoma para prevenir, proteger e reparar violações dos direitos humanos no país.

Diante desse panorama preocupante, o CNDH pretende contribuir com as discussões do 55ª Reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, prevista para ocorrer em Genebra, na Suíça. Para avançar nos dados sobre o crescimento do neonazismo, uma comitiva de conselheiros estará em Santa Catarina a partir desta quarta-feira (10), visitando cidades como Florianópolis e Blumenau, onde foram mapeadas 63 células neonazistas.

O objetivo é realizar reuniões com autoridades públicas, representantes institucionais e especialistas para discutir a propagação da ideologia nazista e identificar elementos que estimulam o crescimento desses grupos no país. Esse diálogo com diversas instâncias da sociedade é fundamental para combater o avanço do neonazismo e garantir a proteção dos direitos humanos no Brasil.

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