Desde o início do ano, o El Niño tem causado transtornos em toda a Colômbia, especialmente no centro andino, onde foram registradas temperaturas anormais de até 24ºC, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Diante da escassez de água, as autoridades de Bogotá e de outras dez cidades próximas anunciaram um racionamento de água para cerca de 10 milhões de pessoas, que começará em breve.
Os moradores de La Calera, que já estavam sofrendo com as restrições de água desde o início do ano, agora se preparam para um racionamento mais rigoroso. A designer gráfica Escobar, de 36 anos, lamenta o impacto das restrições em sua rotina diária, tendo que reduzir atividades como lavar o carro, cuidar de seu animal de estimação e limpar a casa com frequência.
Além de La Calera, outras grandes cidades da região, como Montevidéu, Cidade do México e Lima, também têm enfrentado escassez de água devido ao El Niño. A ONG Fundo Mundial para a Natureza (WWF) destaca a Colômbia como uma “potência hídrica mundial”, com zonas úmidas, rios e lagos nos Andes, mas a seca tem causado preocupação em todo o país.
Em La Calera, a proprietária de uma cafeteria, Lorena Lee, teve que reduzir o horário de funcionamento de seu estabelecimento devido à falta de água. Ela teme ter que fechar o negócio quando o racionamento começar. A ministra do Meio Ambiente, Susana Muhamad, prevê que a situação de emergência nos reservatórios só será aliviada com a chegada das chuvas, prevista para abril ou maio. Em Bogotá, o racionamento prevê a suspensão do fornecimento de água por 24 horas a cada 10 dias, dependendo do turno de cada bairro.
O prefeito de La Calera reconheceu a gravidade da situação e não descartou a possibilidade de estender o racionamento até o final do ano, com medidas menos rigorosas. A seca também tem causado incêndios florestais na Colômbia, consumindo hectares de floresta e colocando em risco a biodiversidade do país. Enquanto isso, a população se vê obrigada a lidar com as consequências da escassez de água em seu cotidiano.
