Naufrágio do iate presidencial de Saddam Hussein simboliza delírios de grandeza do ditador iraquiano

Na confluência dos rios Tigre e Eufrates, dois superiates fazem uma dupla curiosa, simbolizando os delírios de grandeza do ex-presidente do Iraque, Saddam Hussein. O navio Al-Mansur, que outrora ostentava elegância e pompa, agora repousa parcialmente submerso após ser alvo de um ataque aéreo dos Estados Unidos em 2023.

Com mais de 7.000 toneladas e 120 metros de comprimento, o Al-Mansur foi originalmente montado na Finlândia e entregue ao Iraque em 1983. Projetado pelo designer dinamarquês Knud E. Hansen, o superiate abrigava espaço para 32 passageiros e 65 tripulantes. Durante a invasão americana em 2003, Saddam tentou proteger o Al-Mansur movendo-o pelo rio Shatt al-Arab, mas ele não escapou ileso dos bombardeios.

Embora o Al-Mansur tenha resistido aos ataques por vários dias, ele acabou afundando parcialmente devido ao roubo dos motores, o que causou um desequilíbrio na embarcação. Mesmo após a queda de Saddam, o navio foi saqueado, tendo seus interiores despojados de objetos valiosos, como lustres, peças de metal e móveis.

Atualmente sob posse do governo iraquiano, o destino final do Al-Mansur permanece incerto. Os altos custos envolvidos na remoção e desmantelamento do iate dificultam uma decisão rápida. Enquanto isso, pescadores locais utilizam o naufrágio como um local de pesca, e turistas se aventuram a visitar os destroços.

Além do Al-Mansur, Saddam Hussein possuía uma frota luxuosa, da qual também fazia parte o Basrah Breeze. Ancorado próximo ao Al-Mansur, o Basrah Breeze era um iate ainda mais extravagante, equipado com piscinas e até um possível lançador de mísseis. Com 30 passageiros e 35 tripulantes, o iate era um verdadeiro símbolo do excesso e da opulência do ditador iraquiano.

Mesmo não tendo navegado no Basrah Breeze, Saddam deixou sua marca no iate com uma suíte presidencial decorada em tons de ouro e creme, repleta de luxos. O corredor secreto que levava a um submarino, utilizado como uma rota de fuga em caso de emergência, adicionava um ar de mistério à embarcação.

Após anos de disputas judiciais e tentativas fracassadas de venda, o Basrah Breeze acabou ancorando em Basra, onde hoje representa um monumento controverso do passado do Iraque. A história desses superiates afunda mais do que apenas nas águas do Tigre e do Eufrates, ela é um reflexo da era de excessos e decadência de um regime ditatorial.

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